A filosofia, a ciência e a arte podem encontrar-se, trabalhando em conjunto, para encontrar respostas resultantes da exploração dos espaços interiores e exteriores do ser humano, quer ao nível do pensamento, quer do sentimento.
Nenhuma é melhor do que a outra, sendo todas elas complementares.
Se não se passa do inconsciente ao consciente, a pedra espera ainda dar flor, porque a mudança não é de ordem essencial mas gradual, porque se passa de uma Consciência mais simples para uma Consciência mais complexa; é que «talvez exista mesmo para o átomo orgânico, um interior, um querer e um sentir, ou qualquer coisa de mais elementar de onde poderiam sair o querer e o sentir dos seres organizados».
in As batalhas que nós perdemos (1973) de Natália Nunes
Cada género literário clássico - lírico, épico (ou narrativo) e dramático - não existe na sua forma pura e absoluta.
Segundo alguns autores, esses três géneros correspondem, em termos gerais, às faculdades psíquicas da antiga tripartição da alma humana de Platão: sentimento, pensamento e vontade.
O tempo foi passando- A miúda, que não tem nome como já se viu, cada vez fala pior à mãe, a miúda é mentirosa, a miúda é cínica, a miúda de manhã tem uma opinião e à tarde tem outra, a miúda é extraordinariamente egoísta.
Contudo é esperta.
Não é inteligente porque a inteligência não reconhece a esperteza, a inteligência tira as palavras da boca quando mais precisas são, a esperteza está sempre alerta e proporciona respostas rápidas nos momentos fatais, a esperteza é um pássaro pequeno de bico afiado e olhar penetrante, a inteligência é um pássaro grande de movimentos lentos e de olhar longínquo.
Mas esta pequena é esperta. Pouco observadora, age por intuição e raramente se engana. O seu ar alegre chama a atenção, os gestos que faz, as palavras soltas, as risadas, o cabelo solto e ruivo, o rabo saliente, os pés curtos e redondos, a figura harmoniosa, tudo leva a crer que é uma pessoa amável. Não é.
Excerto do conto As Não Verdades
in Momentos misericordiosos (1992) de Cristina Carvalho
A filosofia, a ciência e a arte não são estranhas umas às outras, muito pelo contrário. Têm mais em comum do que possa parecer à primeira vista.
Todas elas exploram o mesmo mundo, todas elas se deparam com o mistério da existência do mundo e com a nossa existência como seres humanos, tentando alcançar uma compreensão mais profunda.
Todas elas fazem uso tanto da inspiração como da crítica e divulgam, à sua maneira, as suas descobertas, apesar de percorrerem caminhos distintos para as alcançarem.
Muitas vezes temos a impressão de que os pensamentos lhe acodem como relâmpagos de intuição divinatória em que, como um místico, apreende na hora do êxtase os mistérios profundos do Cosmos, o significado total do Universo; depois transmite-nos esse pensamento em pequenas frases explosivas, sínteses às vezes obscuras, carregadas de sentido profético.
Afigura-se-nos que lhe faltou o fôlego para desfibrar pela razão as suas visões e profecias.
in As batalhas que nós perdemos (1973) de Natália Nunes
Plutarco casou-se com Timoxena e teve cinco filhos (quatro filhos e uma filha) - apenas dois dos quais lhe sobreviveriam.
Plutarco prosseguiu com a sua vida quotidiana, mantendo, entretanto, laços com figuras-chave do mundo greco-romano, o que lhe valeu a nomeação por Adriano para o cargo de procurador.
Entretanto, a criada engravidada pelo monstro deu à luz dois belos filhos gémeos, os quais foram entregues por Tarquécio a certo Terácio, com a injunção de fazê-los morrer.
Terácio levou-os para a beira do rio, de onde veio uma loba que lhes deu de mamar, e pássaros de toda a espécie levaram-lhes migalhas e puseram-lhas na boca, até que um vaqueiro os percebeu, maravilhou-se grandemente com o fato e teve a ousadia de se aproximar e carregar consigo os meninos; os quais, tendo sido preservados, quando chegaram mais tarde à idade de homens, atacaram Tarquécio e o derrotaram.