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Livrologia

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Um sonhador de cosmogonias

A indizibilidade do universo é a minha religião

E publicado o livro, o autor enjoa-o, está cansado, é incapaz (tem medo até) de o abrir
02
Dez14

Um dia começou a ler e nunca mais parou

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Tornou-se uma pessoa esquisita. Muito esquisita. Uma pessoa muito, muito esquisita. Um dia começou a ler e nunca mais parou. Volume após volume, um livro a seguir ao outro, milhares e milhares de páginas. Não porque gostasse excessivamente de ler, mas porque acreditava que se levantasse a cabeça e desviasse os olhos das palavras morreria de imediato.

Dado o seu estado de extrema aflição, seria um desperdício de tempo explicar-lhe que um livro não passa de uma reunião de cadernos, manuscritos ou impressos, cosidos ordenadamente, formando um volume encadernado ou brochado*, e portanto incapaz de decidir sobre a vida ou a morte de alguém. Enfim, ao que as coisas podem chegar em virtude de um ou outro parafuso mal apertado.

* Cf. AREZIO, 1936, p. 57.
Publicado no Porto 24, página dos Cronistas do Bairro|Do blog bicho-ruim-blog.blogspot.pt

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