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Nikolai Gogol confessou outrora como surgiu Almas Mortas:
Puskine instigava-me há muito a escrever uma grande obra; finalmente, um dia, ao ler-lhe o esboço duma pequena cena que o impressionou muito mais do que tudo quanto lhe lera antes, disse-me: 'Com essa sua capacidade para descobrir o homem e representá-lo em poucos traços, como se estivesse junto de nós, por que não escreve uma obra importante? É verdadeiramente um pecado!'
Para concluir, deu-me um assunto que ele pensava utilizar numa espécie de poema, declarando-me que não teria cedido a mais ninguém.
Almas Mortas é como uma escala musical humana, tocada num piano que canta melodiosamente a dor do mundo.
Do mais grave ao mais agudo, as personagens passam pelos nossos dedos, em tons cada vez mais histriónicos, mas compassados. De Manilov a Pliuskine, entrecortados por bemóis e sustenidos da Sra. Koroboska, Nozdriov e Sobakevich. Uma melodia que ameaça sempre desafinar, mas que se mantém dolorosamente melodiosa.
Gogol quis que Almas Mortas fosse uma nova Divina Comédia. Esta seria apenas a primeira parte, o Inferno. As restantes, o Purgatório e o Paraíso, seriam a purificação e transformação de Chichikov.
Apesar de ter trabalhado mais de 10 anos na última parte de Almas Mortas, Gogol decide queimar os manuscritos. Descrente da vida ou da salvação da alma, como é que poderia continuar a viver depois de desenhar o mundo em papel?
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