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Porque, no meio disto tudo, o que é mais odioso?
Não é estarem a errar, os erros são sempre desculpáveis, têm de existir, porque são os erros que levam à verdade. O que é realmente odioso é estarem em erro e, ainda por cima, venerarem os próprios erros.
Fiódor Dostoiévski-Crime e Castigo
Mas se começarmos a julgar as pessoas objectivamente, em todos os sentidos, achas que encontramos muitas boas pessoas?
Fiódor Dostoiévski-Crime e Castigo
Não era curioso saber do que têm mais medo as pessoas?
De um passo novo, de uma palavra nova própria, é esse o maior medo delas...
Fiódor Dostoiévski-Crime e Castigo
Queimar o que se escreve, apesar de ser um acto de destruição, não deixa de ser um acto poético.
Porque se queima o que se escreve?
Orgulho? Neurose? Convicções religiosas?
Todos são bons motivos para destruir o que se escreve.
Queimam-se sempre os pensamentos que consideramos embaraçosos.
Não queremos que vejam a luz do dia.
Só a do fogo que os condenará à cinza.
Um mês depois, Gogol decide jejuar durante a Maslenitsa, uma semana de festa antes da Quaresma Ortodoxa, em que as pessoas geralmente se empaturram antes de abdicarem de produtos lácteos.
Foi um passo demasiado grande para um homem obcecado por comida.
Não aguentou.
Quando interrompeu o jejum o seu estado mental e físico deteriorou-se gravemente e os seus médicos receitaram-lhe sanguessugas e banhos de água a ferver numa tentativa de o resgatarem. O tratamento foi um fracasso impressionante e o escritor morreu dia 21 de Fevereiro de 1852, com 42 anos.
Conta a lenda que Gogol era propenso a períodos de letargia e tinha a paranóia de um dia vir a ser confundido com um morto, durante um desses períodos letárgicos, e fosse enterrado vivo.
Segundo os rumores, queria que o seu caixão tivesse um buraco para o ar entrar e uma corda presa a um sino na superfície, para que ele pudesse tocar e pedir ajuda se acordasse num túmulo.
No final, não houve nenhuma reviravolta na história de Gogol, tendo sido enterrado pacificamente no Mosteiro Danilov.
Artigo "The final days of Russian writers" de Yolanda Delgado
Traduzido do inglês
rbth.com
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