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Vai devagar, não corras,
pois onde tens que ir é a ti só!
Vai devagar, não corras,
que o menino do teu eu, recém-nascido eterno,
não te pode seguir!
Juan Ramón Jiménez-27 Poemas
Porque subjacente à história que nos conta está a alma de um poeta sonhador. De um poeta sonhador que amava as crianças e os adultos e acreditava que, volvido o flagelo da guerra, adviria um mundo melhor para todos.
Assírio Bacelar
As pessoas têm estrelas, que não são as mesmas para todas elas. Para uns, os que viajam, as estrelas são guias. Para outros não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu homem de negócios, eram ouro. Todas essas estrelas, porém, permanecem caladas. Mas tu terás estrelas como ninguém tem...
Antoine de Saint-Exupéry-O Principezinho
Sempre se há-de subestimar a sabedoria dos velhos e das crianças.
Aquele - disse o principezinho enquanto continuava a viagem -, aquele será escarnecido por todos os outros, pelo rei, pelo vaidoso, pelo bêbado, pelo homem de negócios. Contudo, é o único que não se mostra ridículo. É talvez porque se interessa por tudo, menos por si próprio.
Antoine de Saint-Exupéry-O Principezinho
Voar sempre fascinou Saint-Exupéry. E voar é, de facto, o melhor dos fascínios.
E um dia, num dos seus voos de Paris para Saigão despenhou-se, juntamente com o seu mecânico adjunto, em pleno Deserto do Saara. Vaguearam pelo deserto durante 3 a 4 dias e, quase desidratados, foram salvos pelas tribos nativas.
Quero acreditar que foi exactamente este o momento em que ele sentiu O Principezinho a nascer-lhe no coração. É assim também que o livro começa, com um avião caído no deserto e um aviador à espera de ser salvo. E que o foi, de facto, pela sabedoria de uma criança.
Estás a ver, eu interrogava-me sempre, nessa altura: por que sou tão parvo que não quero ser mais inteligente, só porque os outros são parvos e eu tenho a certeza disso? Depois descobri, Sónia, que se ficarmos à espera que os outros todos se tornem inteligentes, muito tempo se passará... Descobri ainda que isso nunca vai acontecer, que as pessoas nunca vão mudar por si e também ninguém as fará mudar, nem merece a pena o esforço! Sim, é isso! É uma lei... Uma lei, Sónia! É verdade!... E agora sei, Sónia, que quem for forte de espírito e de mente será soberano dos homens! Para eles, quem muito ousar terá razão! Quem menos escrúpulos tiver, será o legislador deles! Quem ousar mais do que os outros, terá ainda mais razão! Sempre assim foi e sempre assim será!
Fiódor Dostoiévski-Crime e Castigo
Passo a passo e seguindo o meu ciclo de leitura A Lista de Harold Bloom, estou a ler Os Demónios de Dostoiévski.
Todos os livros dele são intemporais, mas podemos presenciar este aqui e agora. Todo o caos social e ideológico que ele descreve nestas páginas está também ele a acontecer neste momento. Chega a ser assustador ver a ficção e a realidade tão próximas e quase indissociáveis.
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Nessa altura não fui capaz de perceber nada. Devia tê-la julgado pelos actos e não pelas palavras. Ela perfumava-me e esclarecia-me. Não devia ter fugido. Devia ter adivinhado a sua ternura para além das suas pobres astúcias. As flores são tão contraditórias! Mas eu era jovem de mais para a saber amar.
Antoine de Saint-Exupéry-O Principezinho
Na verdade, havia no planeta do principezinho, como em todos os planetas, ervas boas e ervas ruins. Portanto, devia haver sementes boas de boas ervas e ruins sementes de ervas ruins. Mas as sementes não se vêem. Dormem no segredo da terra até que, a uma delas, lhe dê para acordar. Então espreguiça-se e lança, a princípio timidamente, na direcção do Sol, uma encantadora hastezinha inofensiva.
Se for uma haste de cenoura ou de roseira, podemos deixá-la crescer à vontade. Mas se se trata de uma planta daninha, mal se dê por isso é necessário arrancá-la imediatamente.
Antoine de Saint-Exupéry-O Principezinho
Se convencermos um indivíduo, pela lógica, que, no fundo, não tem razões para chorar, ele deixa de chorar.
É lógico.
Fiódor Dostoiévski-Crime e Castigo
E agora, transformando o sonho em acto,
que dinamismo me levanta
e me obriga a crer que isto que faço
é o que posso, devo, desejo fazer;
Juan Ramón Jiménez-27 Poemas
Quando ia a sair já
vi as árvores fitar-me.
De tudo davam conta,
dava pena deixá-las.
Juan Ramón Jiménez-27 Poemas
Nesta pequena compilação de poemas de Juan Ramón Jiménez, há também uma pequena selecção de outros tantos de Rafael Alberti.
Nas minhas demandas por Jiménez, encontrei-o só, sentado numa estante da biblioteca, amarelecido pelas manhãs de sol e noites estreladas.
Estou feliz por tê-lo encontrado no meu caminho.
Tudo serei,
pois a minha alma é infinita;
e nunca morrerei, porque sou tudo.
Juan Ramón Jiménez-27 Poemas
De súbito, sol, levantas-te,
fiel guardião do meu fracasso,
e, numa algaravia ardente e louca,
ladras aos vãos fantasmas
que, mudas sombras, me ameaçam
do deserto do ocaso.
Juan Ramón Jiménez-27 Poemas
Juan Ramón é humanamente telúrico, como se os nossos pés fossem raízes e os nosso braços ramos que se erguem em busca da luz do sol.
A sua poesia tem estrelas, vento, flores e água fria. E nós leitores, com o ouvido encostado, escutámo-la por detrás do chão, a bater num pulsar desenfreado, qual coração da terra.
Que a primavera humana és tu, és tu,
a terra, o ar, a água, o fogo todo!
E eu sou apenas meu próprio pensamento!
Juan Ramón Jiménez-27 Poemas
Eu vou morto pela luz
agreste das ruas; chamo
com todo o meu corpo a vida;
quero que me queiram; falo
a quantos me emudeceram,
e logo estou soluçando,
rubro de amor este sangue
desdenhoso de meus lábios.
E quero ser outro, e quero
ter coração, e ter braços
infinitos e sorrisos
imensos, para esses prantos
que deram já tantas lágrimas
por minha culpa!
Juan Ramón Jiménez-27 Poemas
Vássia é um homem que se deixa dominar completamente pela emoção.
Obcecado pelas expectativas que os outros têm sobre ele, vive numa preocupação exacerbada com aquilo que ainda não aconteceu. Quando finalmente atinge a felicidade, esta transtorna-o de tal maneira que a loucura é a única que o espera no cais para partirem juntos numa estranha forma de vida.
Neste conto intemporal, as inquietações de outrora são também as de hoje. A perfeição que perseguimos em direcção a uma felicidade que, quando chega, é-nos irreconhecível.
Como era possível que alguém perdesse o juízo por gratidão?
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