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Livrologia

Livrologia

20
Mar16

Pastor

Pastor, toca um canto antigo

e queixoso, em tua flauta;

chora nestes fundos vales

de languidez e saudade;

chora a erva deste chão,

chora o diamante da água,

chora a ilusão do sol

e os crepúsculos da alma.

Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética

20
Mar16

Eu não voltarei

Eu não voltarei. E a noite

morna, serena, calada,

adormecerá tudo, sob

sua lua solitária.

 

Meu corpo estará ausente,

e pela janela alta

entrará a brisa fresca

a perguntar por minha alma.

 

Ignoro se alguém me aguarda

de ausência tão prolongada,

ou beija a minha lembrança

entre carícias e lágrimas.

 

Mas haverá estrelas, flores

e suspiros e esperanças,

e amor nas alamedas,

sob a sombra das ramagens.

 

E tocará esse piano

como nesta noite plácida,

não havendo quem o escute,

a pensar, nesta varanda.

Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética

20
Mar16

Fiódor Dostoiévski| O Bem e o Mal

Podemos dizer que o Bem e o Mal são a face da mesma moeda e que ambos precisam de coexistir para manter o frágil equilíbrio da vida.

Mas um desequilíbrio, por mais ínfimo ou impreciso que seja, pode abalar, ou até mesmo ruir a delicada estrutura da natureza humana.

O ser humano sentiu desde sempre uma atracção inexplicável pelo Mal, sempre atraente, fácil, melífluo, ao contrário do Bem, feio, difícil, desagradável e severo.

20
Mar16

A estrada

Não, a estrada valia mais que tudo isso, uma simples estrada que se podia tomar e seguir sem pensar em nada, tanto quanto é possível não pensar em nada. Uma estrada real é qualquer coisa de muito longo: não se lhe vê o fim, tal como à vida humana ou à humana esperança. A estrada implica uma ideia.

Fiódor Dostoiévski-Os Demónios

20
Mar16

Fiódor Dostoiévski| Os Demónios

Quando comecei a ler Os Demónios assustei-me com o título. Para além disso, a edição que me acompanhou para todo o lado tinha capa vermelho vivo com o título impresso a letras douradas. Senti-me a carregar a bíblia do diabo.

Mas aquietem-se as mentes mais supersticiosas que este livro nada tem de sobrenatural. De sobrenatural apenas a genialidade de quem o escreveu, como eu não me canso de repetir.

Nas primeiras páginas, tudo e todos parecem inofensivos. Os acontecimentos sucedem-se a um ritmo alucinante, envoltos numa neblina gótica, qual tragédia grega, que de loucura em loucura, encaminha tudo e todos para um clímax demoníaco.

É tudo tão absurdo, mas ao mesmo tempo tão penosamente real, que queremos rir, porque tudo aquilo nos diverte. Um riso trágico deveras, que o mundo pesa-nos por ser assim, pouco ou nada havendo a fazer.

Sob a batuta de uma escrita muito mais fluida do que aquela que adornou as páginas de Crime e Castigo, não conseguimos parar de o ler e queremos sempre mais.

Mais e mais páginas se outras tantas existissem.

20
Mar16

Fiódor Dostoiévski| Os Demónios, um clássico sobre a maldade humana

Um reflexo da crença de Dostoiévski, que achava que os revolucionários possuíam a alma da Rússia e que, caso não fossem exorcizados por uma fé renovada no Cristianismo Ortodoxo e por um nacionalismo puro, eles iriam conduzir o seu país para o precipício. Tornou-se um clássico da literatura russa pelo seu estudo inflamado sobre a maldade humana.

Traduzido do inglês de www.britannica.com

20
Mar16

Uma diferença

O entusiasmo da geração nova é tão puro e límpido como o da minha época. Só existe uma diferença: é que se produziu depois uma deslocação de propósitos; a uma beleza substituiu-se outra! Todo o problema consiste em averiguar o que é mais belo: Shakespeare ou um par de botas, Rafael ou o petróleo?

Fiódor Dostoiévski-Os Demónios

20
Mar16

Fiódor Dostoiévski| Antiniilismo n'Os Demónios

Em 1860, a facção radical da intelligentsia russa tentou implantar a ideologia mais conhecida por "niilismo" no fervor revolucionário geral, causado pela recente abolição do servilismo.

O niilismo (do latim nihil, que significa "nada") estava mais preocupado com a destruição das formas e tradições sociais, do que com o estabelecimento de algo positivo. 

Os Demónios é um ataque ao niilismo, com caricaturas precisas dos revolucionários contemporâneos e constitui uma tentativa de criar o grande romance antiniilista.

A mais importante inovação de Dostoiévski neste romance antiniilista é o dispositivo estrutural de duas personagens principais. Estes dois, Pyotr Verkhovensky e Nikolai Stavrogin, encarnam os dois lados da ira política de Dostoiévski, o seu ódio pela esquerda russa revolucionária e a violenta desconfiança pela aristocracia russa.

Traduzido do inglês de www.britannica.com

20
Mar16

Bibliotecas, o paraíso livresco

A maior parte dos livros que leio são de bibliotecas.

Gosto de lhes percorrer as avenidas, olhar para todas aquelas lombadas, ver as folhas amarelecidas pelo tempo e imaginar todos os olhos e mãos que as percorreram.

001.jpgImagem www.pinterest.com 

Quanto mais leio menos sei
Tudo o que escrevi para o Desafio de Escrita dos Pássaros está aqui!
Já começou a viagem pelo mundo da Gata Borralheira.
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