De ti
As minhas fortes veias
de ti docemente se embriagam.
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
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As minhas fortes veias
de ti docemente se embriagam.
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
Raízes e asas. Mas que as asas enraízem
e as raízes voem.
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
Casa Museo Zenobia – Juan Ramón Jiménez
Imagem www.pinterest.com
De súbito, sol, ergues-te,
fiel guardião do meu fracasso,
e, numa algaravia ardente e louca,
ladras aos vãos fantasmas
que, mudas sombras, me ameaçam
do deserto do ocaso.
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
A alma,
como o mundo, só e vasta.
Dirão ventos: sem quem?
Meu coração: sem ninguém!
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
Todo o teu mudar tornou-se nada
- memória, cega abelha de amargura! -
Não sei como eras, sabendo que exististe!
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
Casa Museo Zenobia – Juan Ramón Jiménez
Imagem www.pinterest.com
E até o silêncio puro de minhas claras nostalgias,
o riso de carmim e o olhar mais sombrio,
chegam numa essência molhada de laranjas...
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
De noite, o ouro
é prata.
Prata muda o silêncio
de ouro de minha alma.
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
Vivemos..., para quê? Para olhar os dias
de cor funérea, sem céus sobre os remansos...,
para ter a fronte caída entre as mãos!
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
O sentimento da beleza inalcançável levava o poeta a querer corrigir constantemente a sua obra (re-vivendo poemas, alterando livros já publicados, planeando uma publicação diferente de tudo o que escrevera), em busca da perfeição impossível, e de fugir à morte, que o apavorava e queria evitar antes de conseguir realizar o irrealizável que ele tantas vezes denomina a obra.
Só a beleza poderia vencer a morte e a sua morte seria vencida apenas quando ele completasse a obra, que o substituiria após o seu desaparecimento físico.
José Bento in Antologia Poética de Juan Ramón Jiménez
Rubra, a tarde agoniza em nuvens sumptuosas.
Uma algazarra surda de longe até nós vem.
A mão do ocaso prende em si rosas e rosas,
entre as musselinas e os espelhos além...
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
Imagem www.pinterest.com
Só sei que minha dor
parece uma mulher que, como tu, sentada,
chora, soluça, ao lado de minha alma!
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
Aí, saberás que isto não vale nada,
que, excepto o amor, tudo o mais são palavras...
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
As mil torres do mundo contra um ocaso de ouro
erguem sua beleza frente ao meu pensamento.
Um êxtase de pedra de mil arquitecturas,
leva-me num deslumbramento, mudo e cego.
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
Iniciada com o modernismo, a poesia de Juan Ramón começou por obedecer às leis deste amplo movimento: um esteticismo de raiz romântica, predominantemente sentimental, em que o eu é quase sempre o centro do poema, com os seus lamentos, uma visão idílica da natureza, uma sensualidade difusa, paisagens que são reflexo do seu espírito inquieto e por vezes mórbido, da consciência que lhe revela a transitoriedade humana, o abismo da beleza inatingível indiferente a essa transitoriedade.
José Bento in Antologia Poética de Juan Ramón Jiménez
Oh, sob os pinhais,
tua nudez cárdea,
os teus pés na tenra
erva com geada,
teus cabelos, verdes
de estrelas molhadas.
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
Inflama-me, poente: faz-me perfume e chama;
-que o meu coração seja igual a ti, poente! -;
descobre em mim o eterno, o que arde, o que ama,
...e o vento do esquecimento arraste o que é doente!
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
A margem está a dourar-se...
O último pensamento
do sol a deixa a sonhar...
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
Como se o vento trouxesse
o infinito e, em seu anseio,
a mágoa pudesse ver
e ouvir os que estão distantes.
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
Pela tarde, brilha o ar;
está de sonho o poente;
é um ouro de nostalgia,
de pranto e de pensamento.
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
Está preso o coração
entre este sonho inefável,
que lhe lança a rede.
Juan Ramón Jiménez-Antologia Poética
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