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Livrologia

Livrologia

27
Mar16

Fiódor Dostoiévski| Vivendo pela pena

Na época, Dostoiévski era um estudante na Academia de Engenharia Militar em São Petersburgo. Uma carreira de engenheiro militar decidida pelo pai.

Claramente que Dostoiévski era inadequado para tal ocupação. Ele e o seu irmão mais velho Mikhail, que permaneceu como seu amigo íntimo, tornando-se o seu colaborador na publicação de revistas, ficaram encantados pela literatura desde a sua juventude.

Desde criança e como estudante, Dostoiévski sentiu-se atraído pela ficção romântica e gótica, especialmente pela obra de Sir Walter Scott, Ann Radcliffe, Nikolay Karamzin, Friedrich Schiller e Aleksandr Pushkin.

Pouco tempo depois de se graduar (1843) e de se tornar subtenente, Dostoiévski demite-se da sua comissão para começar uma carreira arriscada como escritor, vivendo da sua pena.

Traduzido do inglês www.britannica.com

27
Mar16

Perante o crime

O senhor é quase invulnerável no aspecto legal e esse será o primeiro ponto que lhe farão notar, com ironia. Haverá mal-entendidos. Quem compreenderá os verdadeiros motivos dessa confissão? Ninguém os quererá ver, porque se temem semelhantes actos, olham-nos com desconfiança; são provocadores de ódios e vinganças, porque o mundo gosta da sua iniquidade mas não admite que lha mostre. Eis a razão por que se hão-de apressar a meter tudo a ridículo, pois é pelo ridículo que tudo matam mais rapidamente. (...)

É claro que, de começo, ficarão horrorizados, porém, mais à superfície que no fundo, e isto para guardar as conveniências. Não das almas puras, porque essas se horrorizarão interiormente e se acusarão a si mesmas; mas ninguém o saberá, porque sabem conservar-se em silêncio. Os outros, as pessoas da sociedade, não temem senão o que lhes ameaça os interesses. Esses é que se apressarão a rir, depois do primeiro movimento de surpresa e revolta convencional.

Fiódor Dostoiévski-Os Demónios

27
Mar16

Fiódor Dostoiévski| O capítulo d'Os Demónios não publicado

Apesar de já ter acabado de ler Os Demónios há uns dias, ele continua a exercer sobre mim uma atracção fatal.

Esqueci-me de referir que existe um capítulo d'Os Demónios que nunca foi publicado.

O autor tinha-o pronto a publicar nas Notícias de Moscovo, mas, segundo conta Strakov, o editor desse jornal conservador, N. Katov, não quis imprimir a confissão dos desregramentos de Stavroguine. No entanto, sabe-se que Dostoiévski leu o capítulo a várias pessoas.

Nicolau Stavroguine é uma das, se não a mais, fascinante deste livro.

Durante todo o livro Nicolau Stavroguine está envolto numa névoa de encantamento maléfico. Não conseguimos perceber muito bem quais são as suas motivações e quem de facto é, como homem. Sentimos que há algo nele que não é humano. O seu silêncio e o seu olhar transmitem um incómodo sobrenatural, uma energia sombria e todos lhe parecem obedecer sem que ele verbalize nenhum pedido.

Neste capítulo não publicado Nicolau Stavroguine confessa-se:

Não sei ao certo se sou eu mesmo o Demónio.

 

E revela a sua natureza:

Senti no mesmo instante que praticava uma vileza, mas experimentei ao mesmo tempo certo prazer; como um ferro em brasa, ardia em mim um sentimento novo que me absorveu logo. Devo dizer que muitos maus sentimentos me invadiam com frequência, a ponto de me fazerem perder a razão, ou melhor, de me tornarem extremamente obstinado, mas nunca até ao esquecimento de mim próprio. (...)

Enquanto tomava chá e conversava com eles, cheguei à seguinte conclusão: não distingo o bem do mal e não só essas noções não existem para mim - com o que me alegro -, como as considero um preconceito.

 

E o conselho que recebe após esta confissão é:

Humillhe o seu orgulho e o seu demónio! Assim, será vencedor e recuperará a liberdade.

 

Se não fosse este capítulo, teria acabado de ler o livro sem nunca ter encarado Nicolau Stavroguine como ser humano. Ser humano são estas dúvidas, este reconhecimento da maldade e não saber o que fazer com ela. É a coragem da confissão, sem cinismo, mas de coração aberto, como nunca o tinha sido em todas as páginas que li.

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