Leiturofilia
Caminho muito a pé e tenho andado a penar com o peso d'Os Irmãos Karamazov de Dostoiévski.
Se continuar assim vou transformar-me numa leiturofilista.
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Caminho muito a pé e tenho andado a penar com o peso d'Os Irmãos Karamazov de Dostoiévski.
Se continuar assim vou transformar-me numa leiturofilista.
Pensativa substância, a pintura
paralisa de luz a arquitectura.
Rafael Alberti-Outros Poemas
Minha alma não pode mais com tanta carga sem destino.
Rafael Alberti-Outros Poemas
Defendo o acto de ler.
Acima de qualquer livro ou literatura.
As pessoas devem poder ler o que quiserem, mesmo aquilo que não tem qualidade.
Ler. Ler sem parar. Não interessa o quê.
Porque ao acto de ler ninguém resiste, depois de o iniciar.
Entramos dentro da leitura e o leitor dentro de nós não mais quererá parar.
Partirá em busca de páginas melhores sem o saber.
De conversas lidas.
De outros mundos para ler.
Do seu ser.
É um ciclo que, depois de aberto, nunca mais se fechará.
Imagem www.pinterest.com
Não admira nada que os homens hajam encontrado a escravidão em vez da liberdade e que em lugar de servirem a fraternidade e a união tenham caído na desunião e no isolamento (...). Que será desse prisioneiro das inúmeras necessidades que ele mesmo inventou? (...) Os bens materiais, no fim de contas, aumentaram - mas a alegria diminuiu.
Fiódor Dostoiévski-Os Irmãos Karamazov
Fotografar leitores que lêem durante as suas viagens de metro em Nova Iorque foi uma ideia que se concretizou num projecto fotográfico.
Pergunto-me se os leitores do submundo, que viajam pela escuridão, encontram a luz nas páginas dos livros que transportam. E porquê fotografar leitores? O que revelam eles no olhar que valerá a pena ser fotografado? Estará a leitura a transformar-se num acto humano tão raro que fotografá-lo seria uma maneira de o registar para a posteridade? Ou será a leitura um acto humano que revela apenas quem somos?
Imagem undergroundnewyorkpubliclibrary.com
Afirma-se que o mundo, abreviando as distâncias, transmitindo o pensamento pelos ares, se unirá mais e reinará a fraternidade. Desgraçadamente, não acredito nessa união dos homens. Idealizando a liberdade como um aumento de necessidades e sua pronta satisfação, alteram a sua natureza, pois fazem que neles surja uma porção de desejos insensatos, de hábitos e fantasias absurdas. Vivem só para se invejarem mutuamente, para a sensualidade e ostentação.
Fiódor Dostoiévski-Os Irmãos Karamazov
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