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-E se me perguntarem qualquer coisa?
-Calado na mesma.
-Mas não se pode estar sempre calado(...).
-Então limita-te a dizer monossílabos, qualquer coisa do género h-mm, ou algo semelhante, para mostrares que és um homem inteligente e pensas antes de responderes.
Fiódor Dostoiévski-Um Sonho do Tio
A tirania é um hábito que se torna necessidade.
Fiódor Dostoiévski-Um Sonho do Tio
Aí está o resultado de mergulharmos de cabeça nesse Shakespeare, de sonharmos, de imaginarmos que é vida o vivermos pela mente alheia e pelos pensamentos alheios!
Fiódor Dostoiévski-Um Sonho do Tio
A grande cumplicidade entre a vida e a obra de Dostoiévski: uma vida cheia, agitada, dura, de opções radicais, para uma literatura angustiada, excessiva, de extremos, umas vezes com laivos poéticos, outras jornalística.
Discípulo confesso de Gogol, Dostoiévski envolve os seus romances, com os altos e baixos que lhe são típicos, no sentido tragicómico da vida.
Além disso, escreve como um dramaturgo que nunca fez teatro.
Nina Guerra e Filipe Guerra in introdução a Um Sonho do Tio de Fiódor Dostoiévski
O pai era uma espécie de tirano doméstico que viria a ser assassinado em circunstâncias misteriosas.
Há quem considere autobiográficas as relações de Ivan Karamázov com o pai em Os Irmãos Karamazov (o filho não participou activa e directamente no assassínio do pai, mas sabia que se preparava o crime e não o denunciou).
Estas especulações, vindas sobretudo dos críticos freudianos, adiantam que Dostoiévski acusava complexos de culpa.
Dostoiévski sofria, isso sim, de neurastenia e, desde a infância, de epilepsia. As desgraças por que passou agravaram-lhe a doença.
Nina Guerra e Filipe Guerra in introdução a Um Sonho do Tio de Fiódor Dostoiévski
O jovem Dostoiévski simpatizava com os radicais. Frequentava a sociedade secreta dos adeptos de Saint-Simon e Fourier, sem contudo ser membro efectivo. Os jovens reuniam-se para ler em voz alta as obras de Fourier, discutir o socialismo e criticar o governo.
Em 1848 seriam todos presos, incluindo Dostoiévski.
A sentença foi severa - oito anos de trabalhos forçados na Sibéria (pena reduzida mais tarde a metade).
Antes da sentença definitiva ter sido lida em tribunal, montaram uma farsa cruel aos prisioneiros: anunciaram-lhes terem sido condenados à morte, puseram-nos em roupa interior e ataram um primeiro grupo aos postes de fuzilmento.
Um dos condenados enlouqueceu.
O sofrimento desse dia deixou traços profundos em Dostoiévski (em O Idiota há uma passagem que descreve os sentimentos do condenado à morte antes da execução).
Nina Guerra e Filipe Guerra in introdução a Um Sonho do Tio de Fiódor Dostoiévski
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