Este conto é quase uma profecia da morte do póprio Pushkin.
Sílvio, o legendário atirador que nunca falha o alvo, vive numa aura de tranquilidade aparentemente perfeita, alimentada por uma anímica de perigo e mistério, sentida por todos quando dele se aproximam.
Este homem não tem medo e, se o tem, não o demonstra. As suas emoções não regem as suas acções e é exactamente por isso que acerta sempre quando atira.
Mas quando defronta alguém que nada teme, esta perspectiva de viver sem medo desafia tudo aquilo em que construiu o seu próprio ser.
Como poderá alguém viver assim, sem nada que perder, sem nada que ganhar, desarmado perante a vida?
"De que serve", pensei eu, "tirar-lhe a vida quando ele não lhe dá qualquer valor?"
Os habitantes da capital, com as suas cabeças ocupadas pelos negócios e pelo prazer, não fazem ideia das muitas sensações tão familiares aos habitantes das vilas e pequenas cidades como, por exemplo, a espera pela chegada do correio.
O "Shakespeare Russo" e o "pai da literatura moderna russa" estão entre os muitos engrandecimentos atribuídos e, merecidamente, ao grande poeta e dramaturgo Aleksandr Pushkin.
Uma figura proeminente da era Romântica, Pushkin foi o primeiro escritor russo a utilizar o discurso comum na sua poesia, tendo sido o autor das maiores obras literárias da Rússia.
Kipling enquadrou muitas das suas histórias em ambiente militar e colonial da Índia e de outros locais do Império Britânico.
Durante a leitura sentimo-nos maravilhados e inadaptados, como se toda aquela beleza exótica não pudesse ser vislumbrada sem solidão e saudade. Um pouco como a vida nas ex-colónias portuguesas.
Mulvaney, o soldado irlandês, que durante todo o conto faz a corte a Dinah Shadd, tentando conquistar o seu amor. Um amor conquistado ao qual a vida nunca lhe dará o direito de viver em pleno:
For all we take, we must pay, but the price is cruel high.
Kipling adorava contar histórias e era esse o seu destino. De tal modo era o seu destino que sempre recusou prémios, menções honrosas e homenagens, apesar de em 1907 ter aceite o Prémio Nobel da Literatura. Aliás o primeiro britânico a recebê-lo.
Com as suas palavras celebrou o heroísmo dos soldados coloniais britânicos na Índia e Burma e quem nunca leu ou viu em cinema O Livro da Selva com os inesquecíveis Mowgli, Baloo e Bagheera deveria fazê-lo sem demora.