A Feira do Livro de outros tempos ||001||
O pavilhão da Dom Quixote foi, durante muito tempo, um dos mais concorridos de todos. E isso não era obra do acaso, mas de um autor em particular: António Lobo Antunes.
A grande estrela da editora nessa altura era o Lobo Antunes.
Tinha filas inacreditáveis de gente à espera de um autógrafo”, diz ao Observador Manuel Alberto Valente, atual diretor da divisão editorial literária da Porto Editora.
Ao contrário de Saramago, que ficava ao ar livre numa mesa entre os pavilhões da Caminho, Lobo Antunes permanecia no interior do stand da Dom Quixote. “A afluência de público era tão grande que criámos um sistema.
As pessoas compravam os livros e escreviam o nome num papel. Os livros eram postos numa pilha e ele ia assinando. Quando estavam prontos, gritava-se o nome do leitor para que fosse buscá-los”, acrescenta.
“Nesses tempos, a Feira era muito frequentada ao serão e fechava à meia-noite. Só que, às vezes, era impossível encerrar a essa hora por causa da quantidade de pessoas que queriam um autógrafo do António.” Invariavelmente, António Lobo Antunes tinha à sua espera um grupo de mulheres que se deixavam ficar até ao fim das sessões.
Em observador.pt