Marina Tsvetaeva| Poeta da desmesura
Serguei [o marido] foi preso por espionagem e executado em 1941.
Marina não foi condenada.
Estaline tinha um estranho respeito pelos poetas.
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Imagem russianreport.wordpress.com
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Serguei [o marido] foi preso por espionagem e executado em 1941.
Marina não foi condenada.
Estaline tinha um estranho respeito pelos poetas.
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O poeta Ilya Ehrenburg dela dirá, evocando essa aparição: “Os excelentes versos de Tsvetaeva subsistirão, como subsistirá a sede de viver, o desejo de tudo destruir, a luta de um só contra todos e o amor glorificado pela morte que vagueia.”
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Marina refugiou-se no mundo das palavras. E foi pelas palavras que viveu, no fio da navalha, sempre inflexível. O escritor Nicolai Elenev deu dela esta impressão: “Os seus olhos cinzentos eram frios, transparentes, olhos que jamais conheceram o medo, ainda menos a oração ou a submissão.”
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À sua voz desalinhada e brilhante aliou, convenientemente para o mito que os russos adoram e alimentam, um destino trágico. Juntou-se, assim, a tantos outros escritores russos. Mas Tsetaeva era dominada por um carácter indómito que sempre namorou o abismo.
Como se formou este carácter? Para tal contribuiu decerto a educação, obra de sua mãe, que propugnava uma postura inflexível no plano dos valores: acima de tudo, em todas as circunstâncias, a dignidade, a coragem e o rigor; inculcou-lhe ainda a convicção de que todo o dinheiro é sujo e de que quem cede à ganância perde a alma. Rememorando a infância, disse-nos: “Era impensável procurar obter a satisfação de qualquer desejo. Bastava que tivéssemos vontade de uma coisa para que ela não nos fosse dada.”
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Marina Tsetaeva (1892-1941) é uma luz cintilante que ascendeu ao firmamento da poesia russa. Uma poetisa de extremos:
Pecarei – como peco – como pequei: Com paixão!
Deus deu-me sentidos – todos os cinco!
Poeta da desmesura, sempre disposta a atingir o limite e a ultrapassá-lo. Em certa ocasião, acossada, como quase sempre após 1917, por extrema miséria material e mesmo fome, foi obrigada a deixar as duas filhas num orfanato da Moscovo bolchevique, onde julgou que seriam alimentadas como ela não podia fazer. Mas, por desventura, a mais nova morreu de fome, o que deixou a mãe com um profundo sentimento de culpa. Pouco depois, em poema dedicado a um antigo amante, para dar nota da mútua destruição que o amor produz, descreve-se a si própria como a única responsável:
Acusada de infanticídio.
Cruel e exausta.
E do inferno perguntar-te-ei,
“Minha querida o que te fiz?”
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