Cérbero é descrito tradicionalmente como tendo três cabeças (Dante, Inferno,canto VI), ainda que Hesíodo lhe tenha atribuído cinquenta.
Tinha como função principal aterrorizar as almas que entrassem no reino dos mortos ou devorar todo e qualquer habitante desse reino do deus Hades (Infernos) que tentasse regressar ao mundo dos vivos. Mal surgiam novas sombras nos Infernos, Cérbero colocava-se junto delas, barrando-lhes o caminho de retorno ao mundo dos vivos. Apreciava apenas os mortais ainda vivos que tentavam penetrar no reino por ele guardado.
É destinado aos pagãos virtuosos e aos não baptizados, àqueles que morreram antes da vinda de Jesus Cristo. As suas almas vagueiam pela mais completa escuridão, o que representa a não iluminação das mentes que não conheceram o Evangelho e os seus ensinamentos. A sua punição é a eternidade sem a visão de Deus.
2.º círculo – Vale dos Ventos
Onde seriam realizados os julgamentos dos pecadores por Minos, para que fossem encaminhados para o círculo correspondente aos seus pecados praticados na Terra e recebessem as respectivas punições.
Neste mesmo círculo, encontram-se aqueles que cometeram o pecado da luxúria, e são atormentados por furacões e ventanias, representando os vícios da carne, que como o vento, os levaram de encontro ao pecado.
3.º círculo – Lago da Lama
Era reservado aos que sucumbiram ao pecado da gula, ficando atolados numa lama suja e densa debaixo de constantes tempestades, sozinhos, sem poderem falar uns com os outros, já que em vida a alegria era pautada no conforto de comer para além dos limites. São arranhados, esfolados e dilacerados pelo enorme cão de três cabeças Cérbero, que retrata o apetite sem fim.
4.º círculo – Colinas de Rocha
É o destino dos pródigos e avarentos, que sofrem como punição rolar, com os próprios peitos, grandes pesos, que representam as suas riquezas e estão fadados a trocarem injúrias entre si. Aqui, as riquezas materiais vindas da vida terrena iriam transformar-se em enormes barras de ouro, que deveriam empurrar uns contra os outros, em oposição às suas atitudes em Terra.
5.º círculo – Rio Estige
Abriga os que cometeram o pecado da ira, e a punição seria lutarem uns contra os outros na margem do Rio Estige, com Lúcifer escondido debaixo da lama escura. No fundo do Estige, permanecem os rancorosos que não demonstraram a sua ira e permanecem proibidos de subir à superfície.
6.º círculo – Cemitério de Fogo
Era destinado aos hereges, entre os quais aqueles que não reconheciam a existência de Deus. Os pecadores aqui encontrados eram confinados em túmulos abertos dos quais sairia o fogo eterno, um paradigma com a punição dada pela Igreja Católica pela fogueira.
7.º círculo – Vale do Flegetonte
Era destinado aos que tinham praticado a violência, sendo a punição a imersão no sangue que derramaram em vida. Existiam três formas de violência, convertidas aqui em três vales:
Vale do Rio Flegetonte - aqui encontram-se as almas dos que foram violentos contra o próximo. Permanecem mergulhados num rio cheio do sangue daqueles que oprimiram. Na margem do rio estão o Minotauro de Creta e os centauros, que atiram setas às almas que se erguem do sangue.
Vale da Floresta dos Suicidas - aqui encontram-se as almas dos que praticaram violência contra si mesmos. São transformados em árvores sombrias e retorcidas.
Vale do Deserto Abominável - aqui encontram-se as almas dos que praticaram violência contra Deus, contra a natureza e contra a arte. São condenados a permanecer num deserto de areia quente, onde chovem chamas de fogo, um local estéril e sem vida, ao contrário do mundo criado por Deus.
8.º círculo – Malebolge
Encontra-se dividido em dez fossos nos quais se punem diversos pecadores. Os condenados deste círculo passarão o resto da eternidade com os seus corpos roubados.
Está dividido em dez fossos:
No primeiro fosso estão os rufiões e sedutores, açoitados continuamente pelos demónios, que os obrigam assim a cumprir os seus desejos;
No segundo fosso estão os aduladores e lisonjeiros, imersos em fezes e esterco, que representam a sujidade que deixaram no mundo, resultado do proveito que tiravam dos medos e desejos dos outros e das falsas palavras proferidas;
No terceiro fosso estão os simoníacos, enterrados de cabeça para baixo e com as pernas a serem queimadas pelas chamas;
No quarto fosso estão os adivinhos, que como punição têm as suas cabeças voltadas para trás, impossibilitando-os de olhar em frente;
No quinto fosso estão os corruptos, submergidos num lago de pez a ferver;
No sexto fosso estão os hipócritas, vestidos com pesadas capas de chumbo dourado;
No sétimo fosso estão os ladrões, que são picados por serpentes que os atravessam e desintegram;
No oitavo fosso são castigados os maus conselheiros, envoltos em chamas infinitas;
No nono fosso estão os que semearam a discórdia e são esfaqueados e mutilados por demónios;
No décimo fosso, os falsários são punidos com úlceras fétidas e diversas enfermidades.
9.º e último círculo – Lago Cócite
É o abismo gelado de Lúcifer, no qual ocorre a punição pelo pecado da traição, seja contra a sua própria família ou a pátria. O ódio dos pecadores que aqui habitam é tão intenso, que se alimentam dos cérebros uns dos outros.
Este círculo está dividido em quatro esferas:
A primeira esfera . Caína: onde são punidos os que traem os seus parentes. Ficam apenas com o tórax e a cabeça fora do gelo. O nome Caína refere-se a Caim que matou o seu irmão Abel;
A segunda esfera - Antenora: onde estão os que traíram a sua pátria. Aqui apenas as cabeças ficam fora do gelo;
A terceira esfera - Ptoloméia ou Toloméia: onde os traidores dos seus convidados são punidos, ficando apenas com o rosto exposto e quando choram, as suas lágrimas congelam cobrindo os seus olhos;
A quarta esfera - Judeca: referindo-se ao traidor mais conhecido da história, Judas Iscariotes, é o destino dos que traíram os seus senhores e benfeitores, permanecendo completamente submersos no lago de gelo e conscientes. No meio da esfera está Lucífer, que com as suas três cabeças prende de um lado Judas e do outro Brutus e Cássio, responsáveis pela morte de Júlio César.
Ao passar por todos os círculos, vales, fossos e esferas, chegam Dante e Virgílio ao centro da Terra e é lá que começa a subida em direcção à saída, em busca do céu estrelado, da luz no fim do túnel, encerrando assim a viagem pelo temido inferno.
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Minos surge na literatura grega como Rei de Cnossos na Ilíada e Odisseia de Homero.
Homero já tinha atribuído a Minos o papel de juiz das almas, que se encontravam na posse de Hades, deus do mundo subterrâneo, mas a descrição mais famosa da jurisprudência de Minos encontra-se na Divina Comédia de Dante.
Primeiro Rei de Creta, filho de Zeus e Europa é descrito como tirânico e cruel.
Tucídides, o grande historiador da Grécia Antiga, indicou que Minos foi o homem mais antigo de que há memória a organizar uma armada.
Reinou sobre Creta e as ilhas do Mar Egeu três gerações antes da Guerra de Tróia. Viveu em Cnossos por períodos de 9 anos, onde recebia instruções de Zeus sobre a legislação que instituiu na ilha.
Foi considerado um legislador sábio, visto que as suas leis foram inspiradas pelo próprio Zeus.
A cada 9 anos, para vingar a morte do seu filho Androgeu (também designado como Andrógeo ou Eurigies)às mãos dos atenienses, exigia que o Rei Egeu escolhesse 7 meninos e 7 meninas para serem enviados para o labirinto criado por Dédalo e alimentarem o Minotauro.
Após a sua morte, Minos tornou-se no juiz dos mortos no submundo.
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