Em nenhum genoma humano está presente uma inclinação para os livros.
O que se sabe é que um leitor descobre-se quando acende o seu fogo interior, que a escritora Laura Esquível comparou a uma caixa de fósforos imaginária.
Segundo ela, cada um de nós traz no interior essa caixa de fósforos e, para acendê-los, é necessário um prato apetitoso, uma companhia agradável, uma canção, uma carícia, uma palavra. Mas a chispa varia de pessoa para pessoa, e cada um tem de descobrir os seus detonadores… a tempo, ou a caixa de fósforos humedece e nunca poderá acender um único fósforo.
Ler O Inferno de Dante é confrontarmo-nos, com os demónios do mundo, que são também os nossos.
Página a página, medonhos, observam-nos sob uma gargalhada maligna, com o dedo em riste, apontando quem somos, escrevendo a ferro e fogo tudo aquilo que ainda nos falta ser.
O declínio à profundeza infernal dos 9 círculos é dolorosa, não só pelo sofrimento a que se assiste, como também à culpa que corrói as almas.
Um delito nada mais é que uma mentira que o ser humano conta a si próprio, vivendo-a como a sua única verdade. Ao contrário da mentira, a verdade não tem muitas faces, mas apenas uma e é esta face que, olhos nos olhos, nos encara nesta descida pela escuridão dos 9 círculos.
Nenhuma outra face far-nos-á desejar tão ardentemente a ascensão em direcção à luz.
Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.