Podiam umas centenas de milhares de seres humanos amontoados naquele pequeno espaço mutilar a terra sobre a qual se juntavam, podiam esmagar o solo com blocos de pedra para que nada germinasse, podiam arrancar as ervas que começavam a nascer, podiam encher a atmosfera com o fumo do petróleo e do carvão, podiam derrubar as árvores, afugentar os animais, amedrontar as aves, mas a Primavera, mesmo na cidade, seria sempre Primavera.
Descendente de aristocratas proeminentes, Tolstoi nasceu em Yasnaya Polyana, na propriedade familiar, onde viveria a melhor parte da sua vida e onde viria a escrever as suas mais importantes obras literárias.
A sua mãe, Mariya Nikolayevna, nascida Princesa Volkonskaya, morreu antes de Tolstoi ter atingido os dois anos de idade, e o seu pai, Nikolay Ilich, Graf (conde) Tolstoy, seguiu-a em 1837. A sua avó viria a falecer onze meses depois e a sua guardiã, a sua tia Aleksandra, em 1841.
Tolstoi e os seus quatro irmãos acabaram por ser colocados ao cuidado de outra tia em Kazan.
Das memórias infantis, Tolstoi eternizou a sua prima, Tatyana Aleksandrovna Yergolskaya (“Tia Toinette,” como ele lhe chamava), como uma das maiores influências da sua infância, escrevendo-lhe mais tarde, durante a sua juventude, as mais comoventes cartas que algum dia viria a escrever.
Apesar de marcada pela morte, Tolstoi sempre descreveu as memórias da sua infância em termos idílicos e nostálgicos.
Dedicado ao amigo, General Nikolay Raevsky, este conto foi inspirado no período em que Pushkin esteve em Pyatigorsk durante o seu exílio. O poeta ficou profundamente impressionado pelos cenários selvagens e a população do Cáucaso, imprimindo todas essas impressões neste conto. Palavras exiladas em busca da libertação
O amor por Natalia não matou o poeta. Pelo contrário, talvez lhe tenha dado alguns anos de vida. A esposa e os filhos fizeram-no apreciar a vida, até ao dia em que Pushkin começou a procurar pela morte.
Em 1836 tentou por três vezes bater-se em duelo.
Um ensaio, muito popular, assinado por José Luís Borges, relata que:
A bala de D'Anthes não atingiu o alvo.
Konstantin Danzas, testemunha do poeta no duelo, disse:
"Começámos o nosso caminho de volta e pareceu-me ouvir um tiro na carruagem de Pushkin.
Ficámos em casa. Aleksandr não saiu e decidi ajudá-lo.
O rosto de Pushkin estava mais pálido do que o mármore, com a mão ensaguentada a pressionar o estômago. Aos seus pés estava uma pistola de bolso inglesa.
«Diz-lhes que foi o D'Anthes» - sussurrou suavemente.
E foi isso que eu fiz."
O ensaio era um fraude literária, mas todos acreditaram, porque o boato estava muito perto do que ocorreu na realidade. A morte de Pushkin foi, de facto, suicídio.
Ferido mortalmente, levaram Pushkin para casa. A sua maior preocupação era Natalia.
Antes da sua morte, o poeta disse-lhe:
Veste-te de luto durante dois ou três anos.
Depois casa-te com um bom homem.
Horas depois, morre.
(...)
A viúva cumpriu o último desejo do marido. Apenas em 1839, Natalia voltou para São Petersburgo, mas só os amigos mais próximos o souberam. A sua reclusão durou até 1844, quando Natalia apareceu na ópera pela primeira vez, após a morte de Pushkin.
Entretanto conheceu Pyotr Petrovich Lansky e um ano depois casa-se com ele.
Até à sua morte, Natalia nunca se perdoou pela morte de Pushkin.
Parecia que o prisioneiro, mesmo no seu desespero, se fosse acostumando à amargura e à monotonia daquela vida, como se tivesse enterrado muito profundamente na sua alma a tristeza e o fogo dos pensamentos rebeldes.
A nossa juventude não murcha num instante, as nossas ilusões não nos abandonam com tanta rapidez como aparecem; às vezes, voltam a acender-se inesperadas alegrias. Mas a sensação do primeiro amor e as primeiras labaredas já não voltam mais.
Um especial agradecimento à Biblioteca Municipal e às pessoas que alberga, que me têm ajudado a perseguir os livros que procuro, pacientemente e sempre com bom humor, deixando-me muitas vezes fazer batota quando requisito livros que quero muito ler.