Bom Ano Novo
Com leituras explosivas.
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Com leituras explosivas.
A Terra sem Vida parte-se em cinco partes, sem no entanto se afastarem da sua dimensão planetária.
A primeira parte - O Enterramento dos Mortos - começa pelo fim.
Diz a natureza que um fim raramente o é, porque nela nada morre e tudo se transforma.
A humanidade diz o contrário, que a esterilidade é o derradeiro fim, quando não podemos falar, os nossos olhos se velam, não estamos vivos nem mortos e não sabemos nada.
O fim que não o é e nunca o será daquilo que nos é interdito ver, multidões caminhando em círculo e quando cada homem tem os olhos fixos diante dos pés.
Na proximidade de mais um final de ano há que perguntar ao mundo:
Aquele cadáver que plantaste o ano passado no teu jardim
Já começou a despontar? Dará flor este ano?
A dedicatória a Ezra Pound
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A sequência narrativa de Waste Land [A Terra sem Vida], conseguida pela justaposição de imagens aparentemente desconexas, tem muita da linguagem de uma máquina de filmar.
in Introdução de Maria Amélia Neto a A Terra sem Vida de T.S. Eliot
E mostrar-te-ei algo diferente quer da
Tua sombra de manhã, dando largos passos atrás de ti,
Ou da tua sombra ao cair da tarde, levantando-se para te tocar;
T. S. Eliot
Mais do que carne e osso, somos feitos de sombra, sempre em fuga, dela para nós e nós para ela.
O nosso norte apontado pelo sol ou sem norte em dias de nevoeiro.
Os seus passos que nos perseguem ou que se adiantam em diferentes horas do dia ou os seus contornos, mais nítidos ou fugazes, consoante o tempo.
De que cor é a nossa sombra?
De que é feita?
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Depois da Primeira Guerra Mundial, a Europa oferecia aos olhos do «filho do homem» apenas «um monte de imagens quebradas». The Waste Land [A Terra sem Vida] transmite-nos a visão desse mundo fragmentado, lendo-se no fim do poema, ao longo do qual T. S. Eliot intercala citações de algumas grandes obras das civilizações ocidental e oriental:
Com estes fragmentos escorei as minhas ruínas.
in Introdução de Maria Amélia Neto a A Terra sem Vida de T.S. Eliot
O jovem T. S. Eliot
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Thomas Stearns Eliot, que nasceu no ano de 1888, nos Estados Unidos, e se naturalizou inglês em 1927, entrou na Universidade de Harvard em 1906.
Byron, Shelley, Keats, Rossetti e Swinburne eram já seus conhecidos da adolescência.
Em Harvard estudou Dante e Donne, que viriam a ter grande importância na sua obra.
in Introdução de Maria Amélia Neto a A Terra sem Vida de T.S. Eliot
Aquele cadáver que plantaste o ano passado no teu jardim
Já começou a despontar? Dará flor este ano?
O Enterramento dos Mortos
A Terra sem Vida - Thomas Stearns Eliot
Cidade irreal,
Sob o nevoeiro castanho de uma madrugada de inverno,
Uma multidão fluía sobre a Ponte de Londres, tantos,
Suspiros, raros e curtos, eram exalados,
E cada homem tinha os olhos fixos diante dos pés.
O Enterramento dos Mortos
A Terra sem Vida - Thomas Stearns Eliot
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