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Livrologia

Livrologia

30
Abr19

A máquina

O homem foi programado por Deus para resolver problemas. Mas começou a criá-los em vez de resolvê-los.

A máquina foi programada pelo homem para resolver os problemas que ele criou. Mas ela, a máquina, está começando também a criar problemas que desorientam e engolem o homem.

A máquina continua crescendo. Está enorme. A ponto de que talvez o homem deixe de ser uma organização humana. E como perfeição de ser criado, só existirá a máquina.

in  A máquina está crescendo

A Descoberta do Mundo (Crónicas) - Clarice Lispector

29
Abr19

Clarice Lispector | Entre a melancolia e a desesperança

clarice.jpg@ www.pinterest.pt

 

Convivo com algumas (raras) pessoas que já leram Clarice, e outras que começaram a ler, depois de me ouvirem falar a respeito dela.

O que percebo, em todos os comentários, é que, até hoje, a imagem da escritora, a partir da obra dela, paira entre a melancolia e a desesperança, beirando à loucura.


Acredite se quiser, Clarice era impaciente, e, também por isso, costumava “furar filas”, na maior “cara-de-pau” mesmo, em cinemas, agências bancárias, ou aonde quer que fosse.

Quando retornou definitivamente ao Brasil, ela mesma tomava a iniciativa de recorrer a hospitais, pedindo para ser internada.

Vivia à base de tranquilizantes, os quais, certamente, não lhe tranquilizavam a alma.

 

Por outro lado, não demonstrava irresponsabilidade com os compromissos de casa: primeiro, a organização de almoços e jantares diplomáticos, ao lado do marido.

Com o nascimento dos filhos, sentiu-se insegura para cuidar deles sozinha, já que o marido (diplomata) viajava bastante. Apesar do “aperto” financeiro, o casal pagava “nurse” (enfermeira) para cuidar de Pedro e Paulo, inclusive educando-os.


Clarice nunca aprendeu a cozinhar, e, por isso, passou a vida inteira procurando uma “cozinheira de mão cheia”, como contava às irmãs, nas correspondências. Também, pouco envolveu-se na “criação” (educação) dos dois filhos.

 

Excerto de Desmitificando Clarice Lispector – O “meio do caminho”

in ironia-cronica.blogspot.com

28
Abr19

O modo de olhar dá o aspecto à realidade

Pretendi deixar dito também de como a visão - de como o modo de ver, o ponto de vista - altera a realidade, construindo-a.

Uma casa não é construída apenas com pedras, cimento, etc. O modo de olhar de um homem também a constrói.

O modo de olhar dá o aspecto à realidade.

in  Carta atrasada

A Descoberta do Mundo (Crónicas) - Clarice Lispector

27
Abr19

O que é ficção?

O que é ficção? é, em suma, suponho, a criação de seres e acontecimentos que não existiram realmente mas de tal modo poderiam existir que se tornam vivos.

in  Ficção ou não

A Descoberta do Mundo (Crónicas) - Clarice Lispector

26
Abr19

Daquele silêncio aterrador das ruas de Berna

Cartão postal de Berna

Cartão postal de Berna presente na pasta de cartas de Clarice @ www.myswitzerland.com

 

O que me salvou da monotonia de Berna foi viver na Idade Média, foi esperar que a neve parasse e os gerânios vermelhos de novo se reflectissem na água, foi ter um filho que lá nasceu, foi ter escrito um de meus livros menos gostado, A cidade sitiada, no entanto, relendo-o, pessoas passam a gostar dele; minha gratidão a este livro é enorme: o esforço de escrevê-lo me ocupava, salvava-me daquele silêncio aterrador das ruas de Berna, e quando terminei o último capítulo, fui para o hospital dar à luz o menino.

 

Berna é uma cidade livre, por que então eu me sentia tão presa, tão segregada?

 

Eu ia ao cinema todas as tardes, pouco importava o filme. E lembro-me de que às vezes, à saída do cinema, via que já começara a nevar. Naquela hora do crepúsculo, sozinha na cidade medieval, sob os flocos ainda fracos de neve - nessa hora eu me sentia pior do que uma mendiga porque nem ao menos eu sabia o que pedir.

in  Lembrança de uma fonte, de uma cidade

A Descoberta do Mundo (Crónicas) - Clarice Lispector

26
Abr19

Em antologias gosto de ser surpreendida com prefácios ou posfácios

cecilia_logo.jpgComo já aqui tinha referido estou a ler uma Antologia Poética de Cecília Meireles.

A edição que estou a ler é da Relógio D´Água e foi criada de acordo com uma edição publicada no Rio de Janeiro.

 

O que gosto nesta edição e, que cada vez é mais raro encontrar nas edições mais recentes, são os posfácios de José Bento e João Bénard da Costa.

 

Em antologias gosto de ser surpreendida com prefácios ou posfácios sobre o escritor ou poeta que vou ler.

Dá uma outra aura à edição, tornando-a única.

26
Abr19

Pássaro

Aquilo que ontem cantava

já não canta.

Morreu de uma flor na boca:

não do espinho na garganta.

 

Ele amava a água sem sede,

e, em verdade,

tendo asas, fitava o tempo,

livre de necessidade.

 

Não foi desejo ou imprudência:

não foi nada.

E o dia toca em silêncio

a desventura causada.

 

Se acaso isso é desventura:

ir-se a vida

sobre uma rosa tão bela,

por uma ténue ferida.

 

Antologia Poética - Cecília Meireles

Pág. 1/20

Quanto mais leio menos sei
Tudo o que escrevi para o Desafio de Escrita dos Pássaros está aqui!
Já começou a viagem pelo mundo da Gata Borralheira.
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