Eu é que era motorista de matéria perigosa, mas nunca fiz greve. E quando o meu patrão me pedia "algo de bom", eu tomava a liberdade de lhe oferecer fotocópias. Ele era doido por fotocópias!
O Inimigo Público
in jornal Público n.º 10.707 de 16 de Agosto de 2019
Milhares de pessoas questionaram se a conta de Twitter de Rui Rio era mesmo oficial. E a empresa já esclareceu. "Temos contas paródia de José Sócrates, Passos Coelho e António Costa, mas aquela conta do Rui Rio é mesmo gerida por ele.
A conta inclusive tem o selo azul e está verificada. Foi mesmo ele pessoalmente que escreveu aquilo e não nenhum hacker nem alguém de dentro do PSD que tem a password da conta e quer tramá-lo.
Nenhum humorista por melhor que seja vai conseguir fazer uma conta paródia com melhores piadas que a conta real do Rui Rio.
O Inimigo Público
in jornal Público n.º 10.707 de 16 de Agosto de 2019
Em 2019 não se celebra apenas o centenário do nascimento de Sophia, mas também o de Jorge de Sena.
Sena e Sophia nasceram quase no mesmo dia, em 2 e 6 Novembro de 1919, mas não seria apenas esta a única coincidência a uni-los numa profunda amizade.
Amizade essa que ficaria registada para a posteridade nas cartas que trocaram ao longo da vida e que, mais tarde, viria a ser cinematografada por Rita Azevedo.
A Cinemateca à guisa de celebração - e muito bem - destes dois grandes nomes da literatura irá exibir em Setembro mais de uma vintena de filmes para celebrá-los:
Este ano “a celebração do centenário do nascimento dos dois poetas não ficaria completa sem uma justa referência à atenção que Jorge de Sena e Sophia dedicaram ao cinema”, afirma a Cinemateca em comunicado.
Assim, em Setembro acolherá dois ciclos, com um total de 27 filmes, “assinalando a relação por eles mantida com o cinema internacional, e a sua presença, ou alguns dos seus ecos, no cinema português, cinema este que, aliás, em muitas das suas vertentes é carregado de um profundo poético”.
O primeiro é dedicado a Jorge de Sena que fez crítica de cinema, apresentou filmes e fez palestras sobre cinema. Segundo a Cinemateca, além do universo dos filmes sobre os quais Jorge de Sena escreveu, o ciclo inspira-se ainda numa lista de dez filmes que o escritor disse, em 1968, que levaria com ele para uma ilha deserta.
Segunda-feira [16.09] 18:00 | Sala M. Félix Ribeiro
O filme será exibido com a presença da realizadora. Inspirado nas cartas trocadas entre Sophia de Mello Breyner Andresen e Jorge de Sena, durante os quase vinte anos de exílio deste último, a realizadora confessou que foi uma espécie de re-memória do meu início neste gosto pela poesia, por estes dois autores.
Sophia de Mello Breyner Andresen de João César Monteiro
Segunda-feira [16.09] 21:30 | Sala M. Félix Ribeiro Quando questionado sobre esta curta-metragem sobre a poetisa do mar, João César Monteiro declarou-a assim: no que ao meu filme diz respeito, suponho que, antes do mais, ele é a prova, para quem a quiser entender, que a poesia não é filmável e não adianta persegui-la.
Escrever foi - e é - a maior desilusão da minha vida. Quando percebi que para escrever "Havia um macaco", era preciso escrever "H" e depois "a" e depois "v" e depois "i" e "a" - e ainda só se tinha conseguido escrever "havia" -, compreendi a lentidão esmagadora da escrita, o registo burocrático, a dama de companhia, o corte imenso e o desperdício de escrever.
Miguel Esteves Cardoso
in jornal Público n.º 10.707 de 16 de Agosto de 2019
Dedilhava eu as páginas desta revista quando me deparo com uma entrevista sobre como perder peso com acupuntura. Claro, se estivermos gordas que nem um balão basta uma agulha e rebentamos todas em elegância.
Obviamente que a entrevista é feita como quem não quer nada. Toda uma generosidade só! Informação desinteressada que nem é tão interessante assim:
É verdade que já não estamos na idade das "cavernas", mas o nosso organismo continua biologicamente preparado para armazenar gordura, apesar de não necessitar.
Nem tinha reparado que já não estávamos na idade das "cavernas".
O tempo voa!
Ainda não acabara de ler a entrevista quando tropeço em duas referências à clínica onde o senhor entrevistado é director clínico, uma indicação do preço de cada sessão e todo um cardápio de tratamentos disponíveis. Mas claramente isto é apenas uma entrevista sobre uma dieta com brindes grátis. Como no Happy Meal:
Ao fim de seis meses de tratamento, a Maria perdeu 20kg e ganhou auto-estima, alegria de viver e melhores relações interpessoais.
Parece que estou a ler um folheto.
Na minha humilde opinião literária, os folhetos do Lidl são melhores.
Há um mito que persiste, que é o do artista deprimido e de que o sofrimento leva à produção artística. O sofrimento e a insatisfação podem desencadear processos criativos, mas o facto é que ninguém verdadeiramente deprimido consegue produzir seja o que for, porque a depressão esmaga uma pessoa.