A Operação Bookini chegou ao fim, mas não será o seu fim. Esta operação foi uma pequena arrelia que decidi impôr a mim própria para descansar um pouco dos livros.
Não tem plano e será sempre decretada por aquilo que me vier a apetecer ler durante as férias que pode ser tudo e nada. Nestas parcas férias, ler a imprensa escrita foi um deleite: fui surpreendida, extasiada, provocada, desiludida, aborrecida, enfadada, divertida.
De 6 a 22 de setembro o festival literário do Porto regressa aos Jardins do Palácio de Cristal e vai homenagear Eduardo Lourenço.
Como já tem sido hábito, a cada edição a Feira do Livro do Porto homenageia um escritor português, batizando uma tília com o seu nome em plena Avenida das Tílias, nos Jardins do Palácio de Cristal. Depois de Agustina Bessa-Luís, Vasco Graça Moura ou José Mário Branco, chega a vez do professor e filósofo Eduardo Lourenço ser distinguido na próxima edição do evento, que acontece entre os dias 6 e 22 de setembro.
Os livros sempre vêm ter comigo mesmo que nada faça para os encontrar.
E desta vez pela mão dos meus pais, que me levaram por caminhos inesperados e supreendentes.
Dei por mim a deambular por uma Feira de Antiguidades de uma pequena cidade e eis senão quando me deparo com um Dom Quixote solitário, a capa ainda brilhante, a lombada perfeita, tão novo que só poderia ter pertencido a um amante de livros como eu.
Ergo os olhos e encontro um velhote catita e sorridente, de olhos vivos - que a alma não envelhece quando se lê -, e diz-me que vende os livros que já leu, sabendo que não os irá reler. A irrequietude de viver os dias que faltam antes da morte e o muito que já leu levam-no por outras aventuras.
Confessou-me o grande leitor que fora outrora, mas que a leitura o entristece desde que perdeu a mulher da sua vida. Vive agora em busca de quem ame os livros como ele. Tem sido uma busca difícil.
Ao senhor catita e sorridente fica a promessa de que estes dois estão nas mãos certas:
Entre nós, as exibições de sapiência são geralmente de tipo estático.
Refiro-me ao número de livros que temos na biblioteca, algo que os pesos-pesados da cultura gostam de quantificar em termos de "metros lineares" de lombadas.
O embaixador Seixas da Costa, que costuma ser previsível, desta vez deixou-me perplexo com uma exibição de sapiência de tipo dinâmico.
Quem consegue ler 430 páginas em quatro horas?
Toda a gente, provavelmente, porque corresponde a menos de 2 páginas por minuto, admitindo uma concentração absoluta. Fica também por esclarecer se se trata de um daqueles livros com letra tamanho 14 e a dois espaços e abundantemente ilustrado, para aquele mercado que compra a peso.
Mas não deixa de ser um feito despachar 430 páginas em 4 horas e perorar sobre o que se leu.
Lembra-me uma tirada do Woody Allen: "I took a speed-reading course and read War and Peace in twenty minutes. It involves Russia".