Fiz de propósito para me demorar o mais possível, mas chegou ao fim a leitura das crónicas de Cecília.
Por causa dela ou por causa de mim, estou uma vez mais de castigo na biblioteca, mas todos eles sabem que quando me demoro mais na devolução de um livro, é porque me é especial e acabam por me deixar estar mais tempo com ele.
Está a ser difícil este meu até breve a Cecília, mas outros livros esperam e desesperam pela minha leitura. A última página foi mais bonita ainda, porque descobri um novo local de leitura, com boa música e com a natureza a entrar pelas portas adentro. Tem um ar muito havaiano, como o próprio nome, e será só meu.
Estou já a meio da antologia poética de Manuel Bandeira. A poesia sempre foi a minha intermitência entre leituras, como um ritual de passagem de um livro a outro e sabe sempre a pouco.
Até ao próximo livro, Manuel Bandeira será o meu companheiro.
Nestas crónicas Cecília sai da sua dimensão etérea e escreve sobre o que a rodeia, sempre escrevendo com uma delicadeza e uma elegância que invejo, confesso.
Uma humanista na sua essência, confessa-nos a utopia de um mundo que poderia ser melhor, bastando querer.
Mas desde logo ocorre-me que não deve haver apenas uma inveja, mas inúmeras e todas diferentes, como não há na verdade um único sentimento de amor, nem a cólera é sempre da mesma qualidade.
in A Cor da Inveja
O que se diz e o que se entende - Cecília Meireles
É sempre uma (boa) surpresa receber a notícia de que o Livrologia foi nomeado para os Sapos do Ano.
Obrigada a quem me acompanha nesta paixão que é também uma causa, a da literatura, a dos livros e do supremo acto de ler. Conquistar pelo menos um leitor já me faz feliz.
E um obrigada ainda maior à Magda e ao David que tiveram esta ideia genial e que sem medo se atiraram uma vez mais para o meio do sapal.
Eis-me diante de três pequenos livros do século passado, que me deleitam, como se não fossem livros, mas espelhos refletindo o viver, o sentir, o pensar dos nossos avós.
in Três Livrinhos Antigos
O que se diz e o que se entende - Cecília Meireles
E pergunto-me se haverá muitos lugares, hoje, no mundo, em que um mortal possa dormir tranqüilo ao ar livre, sem que outro mortal lhe venha tirar pelo menos o lençol ou o travesseiro.
in Aragem do Oriente
O que se diz e o que se entende - Cecília Meireles