Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Livrologia

Livrologia

29
Dez19

A morte da privacidade

bookini_inverno.pngArgumentar que não queres saber do direito à privacidade, porque não tens nada a esconder não é muito diferente de declarar que não queres saber da liberdade de expressão, porque não tens nada a dizer.

~Edward Snowden~

 

Nesta última década temos assistido à morte da privacidade que continua a ser encarada como algo de inofensivo e um não-assunto.

Todos alegam que nada têm a esconder, mas isso não é um argumento válido para a perda da privacidade. A privacidade é um direito, a base da liberdade de expressão, essencial para uma sociedade livre e democrática e a sua perda leva à perda dessa mesma liberdade e democracia.

A nossa liberdade de expressão fica imediatamente ameaçada não só com a vigilância em massa da utilização da internet, mas também quando, sabendo que estamos a ser vigiados, nos auto-censuramos no modo como comunicamos, como escrevemos, o que mostramos, as ideias que transmitimos, aprisionando a nossa perspectiva crítica.

Bits de informação que achamos ser inofensiva vai sendo reunida num perfil, registando quem contactamos e quando, aonde vamos e o que fazemos na internet. Todas as nossas interacções com o mundo que nos rodeia revelam as nossas crenças políticas e religiosas, os nossos desejos, as nossas convicções e afinidades e o registo de tudo isso conseguirá não só conhecer-nos profundamente, mas também prever o nosso comportamento.

Esta percepção faz-nos pensar duas vezes antes de participarmos em protestos, reivindicações, activismo, exactamente aqueles que nos permitiram alcançar a liberdade de expressão, a democracia e os direitos humanos.

As nossas "vidas digitais" acabam por ser um reflexo das nossas vidas reais, sejam através das redes sociais, registos telefónicos e de GPS ou registos da nossa navegação na internet.

Mesmo que confiemos nas boas intenções de quem possui os nossos dados, nada nem ninguém nos garante que nunca poderão vir a ser utilizados contra nós. Quanto maior a nossa pegada digital, maior o potencial de nos ser roubada a liberdade. 

A privacidade e a liberdade estão a ser-nos roubadas a pouco e pouco, debaixo dos nossos olhos.

Chegará o dia em que em vez de dizermos que nada temos a esconder, não teremos como nos esconder.

29
Dez19

Um grande défice de notícias cor-de-rosa escandalosamente picantes

bookinices rosas.png

Estamos com um grande défice de notícias cor-de-rosa escandalosamente picantes. Tudo o que tenho lido tem sido entediante. Não sei se o escandaloso se tornou rotina estatística ou se sou eu que estou mais exigente nos níveis de desavergonhice.

O Correio da Manhã já não me proporciona ais de espanto como antigamente. Ou está a perder as suas capacidades mágicas de entretenimento e de provocação ou está a perder a sua criatividade para o António Costa que, esse sim, tem sido uma revelação inusitada de talento para entreter o povo português

Entretanto, não sei o que se passa com as revistas cor-de-rosa, completamente adormecidas no seu soninho de papel couché, limitando-se a fazer copy/paste das publicações dos famosos nas redes sociais. Já nem se levantam da cadeira para perseguir ninguém a alta velocidade (que os combustíveis estão caros), nem para fotografar os famosos em poses menos próprias ou desnudos (porque eles próprios já o fazem), nem se atrevem a revelar aqueles rumores picantes (que isto da privacidade  e dos processos judiciais são uma chatice e muito maus para o negócio).

Mas nem tudo está perdido.

As páginas de papel - macio, brilhante, suave - têm sido um deleite para a minha gaveta das meias.

28
Dez19

Por mais palhinhas que evitemos usar, não faremos a diferença

bookinices.pngOs países mais poluentes do mundo são os principais responsáveis pelo estado a que o planeta chegou.

Aproximadamente apenas cem empresas em todo o mundo são responsáveis por mais de 70% das emissões de gases desde 1988. Os seus responsáveis enriqueceram de forma abismal à custa de toda a vida no planeta Terra e deviam ser estas as pessoas que deveriam ser responsabilizadas pelo aquecimento global e por continuarem a alimentar as suas fortunas e as suas empresas com modelos de negócios extractivos e penalizadores para o ambiente, sem usarem o seu poder para provocar qualquer mudança.

Todos eles juntos detêm o controlo da maioria dos direitos mundiais de mineração, o direito de explorar e extrair petróleo, gás, carvão. 

O desafio é a sempiterna batalha de convencer estes principais emissores a adoptar as mudanças necessárias para recolocar o sistema climático numa trajectória que torne a Terra mais habitável, mas se isso implicar perda de lucros irão sempre recusar proteger o planeta, destruindo-o cada vez mais. 

Por mais palhinhas que evitemos usar, por mais reciclagem, por mais tudo aquilo que possamos fazer, enquanto os grandes poluidores continuarem a poluir, não faremos a diferença.

paises.png

28
Dez19

O planeta não está a morrer, está a ser assassinado

bookini_inverno.png

Decidi apontar as alterações climáticas como a notícia do ano não só pelo acordar de consciências que Greta Thunberg transformou na sua luta e na de todos nós, mas também pelos desastres naturais a que temos assistido um pouco por todo o mundo.

O relatório anual da Organização Mundial de Meteorologia indicou que a última década foi a mais quente desde que há registos.

Ondas de calor, cheias, ciclones tropicais e incêndios têm sido cada vez mais devastadores e são cada vez menos uma excepção. A concentração de CO2 na atmosfera bateu o recorde de 408.7 partes por milhão em 2018 e continuou a subir em 2019, a água do mar é hoje 26% mais ácida do que no início da era industrial, danificando os ecossistemas marinhos e os bancos de gelo no Árctico têm-se aproximado de um mínimo histórico.

O aumento da temperatura, a subida do nível médio da água do mar, os desastres naturais que desalojam milhões de pessoas e matam outras tantas bastariam para o cerne da nossa preocupação, mas muitos de nós esquecem-se que as alterações climáticas trazem com ela o aumento da fome global e a escassez de alimentos provocando catástrofes humanitárias praticamente impossíveis de resolver, porque todo um planeta definha deixando de nos dar suporte de vida.

Como convencer os países mais poluentes do mundo que ganham milhões com a exploração do planeta a aceitar restrições à sua ganância e protegerem um planeta que é de todos nós?

Porque o planeta não está a morrer, está a ser assassinado e os assassinos são milionários com nome e morada, cuja única preocupação é ganhar mais e mais à custa dos recursos naturais do mundo inteiro.

Pág. 1/11

Quanto mais leio menos sei
Tudo o que escrevi para o Desafio de Escrita dos Pássaros está aqui!
Já começou a viagem pelo mundo da Gata Borralheira.
Cinema e literatura num só.
Venham também!
bookinices_spring.png
Notícias literárias ou assim-assim em Operação Bookini
Espreitem as bookinices
A autora deste blog não adopta o novo Acordo Ortográfico.

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D