Se uma história não tem alma, de que vale escrevê-la?
Apesar do meu silêncio nestes últimos meses sobre Maugham, tenho continuado a ler Servidão Humana nos bastidores do Livrologia.
Cento e quarenta páginas volvidas e começo a ver a centelha da excepcionalidade de Maugham. Ainda pálida, mas acredito que se tornará mais brilhante nas páginas seguintes.
Como pessoa, Maugham ergueu muros em seu redor durante a vida inteira e acredito que isso o prejudicou como escritor. Foi um excelente observador dos outros e do que se passava em seu redor, mas péssimo observador de si mesmo e do que se passava no seu interior.
Poderia ter sido um escritor excepcional se tivesse deixado a vulnerabilidade das suas experiências de vida fluir como o fez em Servidão Humana. Porque não basta ser-se um escritor metódico, respeitar a estrutura de uma história, considerar o ritmo da narrativa e escolher as personagens certas.
Servidão Humana é o livro de Maugham, único, irrepetível, distinguindo-se dos seus restantes livros pela alma enorme dentro dele. Porque se uma história não tem alma, uma reflexão sobre o mundo, profundidade de pensamento, de que vale escrevê-la?