É uma das mais antigas editoras de livros em Portugal. Fundada a 29 de maio de 1945, a Publicações Europa-América enfrenta há vários anos uma difícil situação financeira, que culminou agora com a apresentação do processo de insolvência.
Segundo o seu site, a Europa-América já publicou mais de 51 milhões de livros, tendo editado obras de 1900 autores portugueses e estrangeiros e colaborando com cerca de 1500 livrarias e outros pontos de venda.
Os Pássaros pediram e aqui estou eu para desabafar todo o sofrimento que tem sido a primeira temporada do desafio dos pássaros que termina já em Janeiro com a publicação do último texto.
Se me perguntarem de onde me veio a inspiração, poderia mentir com todas as teclas, que a inspiração desceu sobre mim qual Espírito Santo e me iluminou com as ideias mais idiotas de que há memória. Só que não. A minha inspiração veio do pânico que tenho sentido desde o dia em que me inscrevi.
Não sei como é que o resto dos seres humanos funciona, mas o pânico tem um efeito em mim absolutamente imprevisível e com consequências irreversíveis. Basta lerem tudo aquilo que escrevi - 15 preciosidades - para perceberem do que estou a falar e aproveito para deixar um pequeno comentário a cada um deles:
Foi um dos temas que mais rapidamente escrevi. Recordo-me que quando recebi o email rabisquei de imediato o texto de rajada, num pedaço de papel rasgado. Em cinco minutos ficou escrito e foi muito estranho. Foi como se este tema estivesse latente em mim à espera de voar.
Este tema desencadeou uma reacção quase mística da minha inspiração. Quando li o tema não conseguia parar de ouvir na minha mente Por una Cabeza de Carlos Gardel. O que viesse a escrever teria de ser um tango e assim foi. Reescrevi a letra de uma música que adoro.
Escolhi escrever sobre o primeiro momento, antes de todos os outros momentos marcantes que viria a ter: o meu nascimento e o nascimento da minha mãe, como mãe.
Este foi o tema que mais gozo me deu escrever. Quando me sentei na cadeira, escrevi durante horas seguidas até que o texto ficasse exactamente como eu queria. Diverti-me tanto a escrevê-lo que se transformou num dos meus favoritos.
Não gosto de escrever sobe temas românticos e o texto que escrevi revela um pouco isso. Sinto que não foi o mais inspirado dos textos e obviamente que fiquei do lado do Lobo Mau. Adoro vilões.
Tive um ataque de ansiedade com este tema. Nada do que escrevia me parecia bem. Foram muitas as tentativas falhadas, muitos rascunhos que foram parar ao lixo antes da versão final. Um dos temas mais difíceis.
Aquilo que verdadeiramente queria escrever, não o escrevi por motivos de privacidade. Muito ficou por escrever à criança que fui, ainda assim escrevi o essencial.
Demorei quase a semana inteira a decidir como raio iria escrever sobre isto. Inventar um Correio da Manhã da passarada pareceu-me a melhor opção, tal era o desespero.
Este tema fez-me claramente recordar o meu filho quando era mais pequeno. Ele fez-me tantas vezes esta pergunta que finalmente decidi responder-lhe: que a chegada não é o mais importante, mas sim a viagem até lá.
Todo o seu mundo cabia numa caixa. Não tinha chave, nem porta, janela ou telhado. Uma casa feita de papelão com janelas envidraçadas de olhares que não o viam quando por ele passavam.
O vento, o frio, o nascer e o pôr-do-sol alimentavam as veias que lhe chegavam ao coração e enchiam o seu olhar de infinito.
Do alto da sua invisibilidade finalmente conseguia ver o sentido que a vida nunca lhe dera, que o tudo seria sempre o nada, por mais árvores, por mais presentes, por mais luzes de Natal que brilhassem.
O Natal é só um dia fugaz de magia que aparece e desaparece com o desembrulhar das prendas. O dia seguinte é sempre de silêncio e de invisibilidade de quem por ele passa, igual aos restantes 364 dias esquecidos na memória do que é verdadeiramente o Natal.
De certa forma Sören reconhecia o risco que corria: sabia que é no silêncio que se escuta o tumulto, é no silêncio que o desafio se concentra. Mas ele impunha a si mesmo e aos outros uma disciplina de responsabilidade e de escolha dentro da qual cada um ficava terrivelmente livre.
Havia porém algo de taciturno e ansioso em Sören: ele pensava talvez que a integridade humana, mesmo a mais perfeita, nada podia contra o destino.