Quem não souber cantar não leia
Aliás versos não se escrevem para leitura de olhos mudos. Versos cantam-se, urram-se, choram-se.
Quem não souber cantar não leia.
Excerto de Prefácio Interessantíssimo
Pauliceia Desvairada - Mário de Andrade
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Aliás versos não se escrevem para leitura de olhos mudos. Versos cantam-se, urram-se, choram-se.
Quem não souber cantar não leia.
Excerto de Prefácio Interessantíssimo
Pauliceia Desvairada - Mário de Andrade
Mas todo este prefácio, com todo o disparate das teorias que contém, não vale coisíssima nenhuma. Quando escrevi Pauliceia desvairada não pensei em nada disto.
Garanto porém que chorei, que cantei, que ri, que berrei... Eu vivo!
Excerto de Prefácio Interessantíssimo
Pauliceia Desvairada - Mário de Andrade
Derzhavin nunca teve medo de criticar abertamente todos aqueles que se sentavam na cadeira do poder, desde os que governavam as terras até aos que julgavam as pessoas comuns.
O contexto social e antropológico do absolutismo do século XVIII permitiu a Derzhavin aplicar a sua indignação contra as más acções cometidas em prol de uma causa.
As próprias leis dos monarcas tornaram-se nas suas armas para combater as transgressões ao sistema. Aliás, o conceito de lei no sentido mais lato era-lhe estranho. Para ele o dever dos governantes em fazer cumprir a lei era mais importante que a existência da própria lei. Para ele justiça nunca foi a mera criação de leis e a sua tranquila e intocável existência num livro empoeirado, mas sim a sua correcta aplicação por juízes virtuosos.
E é num dos seus poemas mais políticos (do qual tenho partilhado alguns excertos) - To Rulers and Judges - que o seu sentido crítico de justiça aparece em verso, apontando aos governantes e juízes as suas responsabilidades morais.
Catarina a Grande leu a sua antologia de poemas onde constava este mesmo poema. Leu os poemas durante dois dias seguidos e permaneceu duas semanas em silêncio sem comentar nada do que tinha lido.
Quando Derzhavin a visitou notou a frieza que lhe dirigiu. Aliás, toda a corte o evitou e ficou evidente que a Imperatriz não gostou da crítica implícita e da ousadia política do poema.
O poema tinha sido baseado num salmo da Bíblia Ortodoxa e um amigo de Derzhavin perguntou-lhe "O que estás a fazer, irmão, ao escrever versos jacobinos?"
O poeta respondeu-lhe:
O Rei David não era jacobino; portanto, os seus salmos não podem fazer mal a ninguém.
Derzhavin nunca negou que escrevera o poema intencionalmente visando a Imperatriz e o seu reino. No entanto, justificou-se que, ao basear-se num dos salmos da Bíblia, a sua intenção crítica fora construtiva, jamais destrutiva:
O ensino das Sagradas Escrituras, quando realizado de maneira sensata e com boas intenções, nunca pode ser desagradável.
Nothing escapes the fatal claws,
no creature can avoid her stroke;
monarch and slave are food for worms,
the elements devour our tombs;
time gapes and wears away our fame;
as rivers pour into the seas,
eternity eats our days and years;
kingdoms are swallowed in death's jaws.
Gavrila Derzhavin
Excerto do poema On The Death of Prince Meshchersky
in Chapter I - The Eighteenth Century
The Penguin Book of Russian Poetry - edited by Robert Chandler, Boris Dralyuk and Irina Mashinski
As autumn leaf drops earthward, crumbled,
so shall you plummet from on high;
and you shall perish, as the humbled
poor slave you rule shall surely die!
Gavrila Derzhavin
Excerto do poema To Rulers and Judges
in Chapter I - The Eighteenth Century
The Penguin Book of Russian Poetry - edited by Robert Chandler, Boris Dralyuk and Irina Mashinski
Durante os tempos em que permaneceu na Rússia com a sua missão de espionagem, Maugham decidiu aproveitar o seu tempo, explorando a cidade de São Petersburgo embrenhando-se na língua e literatura do país.
Todas as manhãs tinha uma lição de russo e lia avidamente os grandes escritores do passado, mas também os contemporâneos como Kuprin, Korolenko, Sologub e Mihail Artzybashev.
Ia a espectáculos como ballet, concertos e teatro e nos poucos e raros dias de sol dava longos passeios pela Avenida Névski.
A ilusão que o ser humano tem de que a sua vontade é livre está tão enraizada que estou pronto a aceitá-la.
Comporto-me como se fosse um agente livre. Mas quando se pratica uma acção fica claro que todas as forças do Universo de toda a eternidade conspiraram para a causar e nada do que eu pudesse fazer a poderia evitar.
Era inevitável.
Se a acção foi boa não posso reclamar o mérito, se foi má não posso aceitar censura.
Servidão Humana-W. Somerset Maugham
Não atribuo uma importância exagerada ao meu trabalho poético. A vida está aí para ser vivida e não para se escrever sobre ela.
Eu vejo a minha escrita como uma concretização graciosa que não absorve, antes adiciona prazer à existência.
E quanto à posteridade... que se dane a posteridade.
Servidão Humana-W. Somerset Maugham
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