Tanto Frankenstein à solta, tanto esqueleto fora do armário, tanta teia de aranha que nem sei para qual deles olhar primeiro.
As filas de trânsito
O doutor Costa está na vanguarda da ciência e da investigação e do alto da sua sabedoria científica combate o coronavírus com filas de trânsito. Três horas de filas de trânsito para regressar a casa do trabalho prova ser o método mais eficaz para combater um vírus. Este método foi alvo de um profundo estudo científico com base na teoria das aberrações: quanto mais aberrante o método, mais a sério parece.
E por falar em aberrações
A Festa do Avante é quando o Pai Jerónimo quiser, mas já andam a enfiar o barrete ao Pai Natal que pode ir à Fórmula 1 e juntar-se a milhares de pessoas, que a DGS deixa. Agora isso de comemorar o Natal com uma família é absolutamente chocante. Nem sei como é que nos passou pela cabeça a hipótese de celebrar o Natal!
O Homem Muito Rico não tinha nem mulher, nem filhos, nem amigos. Só tinha criados.
A casa dele ficava no meio de um jardim muito bem tratado, com relva, arbustos, flores e ruas de areia. Oriana deu a volta à casa para ver por onde é que havia de entrar. As portas estavam todas fechadas à chave e Oriana não as podia abrir. Porque em casa do Homem Muito Rico as fechaduras eram tão caras que nem uma varinha de condão as podia abrir. Mas havia uma janela aberta. Era a janela da sala.
Oriana espreitou e viu que na sala não estava pessoa nenhuma. Só lá estavam as coisas. Mas reinava uma atmosfera de grande má disposição. Os sofás e as cadeiras davam cotoveladas uns nos outros, as cómodas davam coices nas paredes, as jarras diziam às caixas e aos cinzeiros que não as apertassem, e as flores diziam:
Mais uma vez, o conto «Saga» retrata com realismo a história da família Andresen, relatando uma casa que em tudo corresponde à do Campo Alegre.
Impedido de estabelecer comunicação com o pai, em Vig, a personagem Hans compreendeu que nunca regressaria à terra natal. Por isso, passados alguns meses comprou uma propriedade, que, do alto de uma pequena colina, descia até ao cais. «Entrava-se na quinta, pelo lado dos campos, por um portão de ferro que, depois de o passarmos, ao fechar -se batia pesadamente. Em frente, surgia a casa, enorme, desmedida, com altas janelas, largas portas e a ampla escadaria de granito, abrindo em leque. Na parte de trás, corria uma longa varanda debruçada sobre os roseirais do poente.»
É fácil imaginar que uma criança se perca aqui em histórias e contos mágicos. Mais a mais pensando que na altura, no início do século xx, não se ouviria o zunzum de fundo vindo dos carros a passar na auto estrada. Cada canto do jardim e da casa podiam ser o início de uma história. Assim houvesse imaginação. E em Sophia havia.
(...)
A vida no Campo Alegre, uma espécie de colónia, nas palavras de Ruben A.," com a exuberância dos seus jardins e os lagos que gelavam no inverno, era um oásis no Porto, que permitia às crianças da família uma sensação de liberdade absoluta, sem limites, protegidas dentro de muros. A quinta aliava natureza e liberdade," duas traves-mestras da obra- e vida de Sophia.
(...) A vida social era intensa na Casa Andresen, sendo frequente a presença de escritores, pintores e músicos, além dos homens de negócios. Mas a maior festa do Campo Alegre era o Natal, permanecendo toda a vida a época favorita de Sophia. (...) O ambiente da quadra natalícia na Casa Andresen, entre as tradições nórdicas e os símbolos católicos, haveria de refletir-se em histórias infantis como A Noite de Natal e O Cavaleiro da Dinamarca, agregando no imaginário o passado e o presente da família.
in Sophia de Mello Breyner Andresen de Isabel Nery
Considerado o poeta do pensamento, Baratynsky filosofava a cada verso que escrevia.
O poeta queria uma união mais completa com a natureza e previu que a humanidade caminhava cada vez mais para longe dela e que a discórdia entre o filho da natureza - o poeta - e o rebanho humano seria cada vez maior.
O futuro da humanidade industrializada e mecanizada será brilhante e glorioso no futuro próximo, mas a felicidade e a paz universais serão compradas à custa da perda de todos os valores mais altos da poesia.
Pauliceia Desvairada foi o grito de ipiranga de Mário de Andrade, com os seus primeiros poemas modernistas.
Neste livro tenta definir o novo caminho da criação artística brasileira, por isso é ousado na sua escrita, fazendo arrojadas experiências com a linguagem: versos livres, associações de imagens, linguagem coloquial...
A não perder o seu Prefácio Interessantíssimo para quem queira compreender o impacto que Mário de Andrade teve nas bases do Modernismo brasileiro. Se não fosse ele, talvez o Modernismo não fosse tão celebrado nos tempos que se seguiram à Semana de Arte Moderna, tendo sido ele próprio a força motriz por detrás desse evento cultural que viria a reestruturar toda a literatura e as artes visuais brasileiras.