I ought to mention that a map of the world had been ordered for me from Moscow. It hung on the wall; no use was made of it, and I had long felt tempted by its width and thickness.
I decided to make a kite of it and, taking advantage of Beaupré's slumbers, set to work upon it.
My father came in just at the moment when I was fixing a tail of tow to the Cape of Good Hope.
in The Captain's Daughter (1836) de Alexander Pushkin
But in those days schooling was not what it is today.
At the age of five I was entrusted to the care of the groom and huntsman Savelich, who was appointed my instructor in recognition of his sober conduct. Under his supervision I had learnt to read and write Russian by the age of twelve, and could make a sound assessment of a wolfhound’s qualities.
Then Father hired a Frenchman for me, Monsieur Beaupré, who had been ordered by mail from Moscow along with our annual supply of wine and cooking oil.
This man’s arrival greatly displeased Savelich. “Praise God,” he muttered under his breath, “the child’s been kept clean, well-combed and fed. What need is there to throw away money hiring this m’sewer, as if there weren’t enough of our own folk?”
in The Captain's Daughter (1836) de Alexander Pushkin
Quis escrever sobre a pandemia, mas sem escrever sobre ela. Quis escrever sobre a incerteza do que viria a seguir, do arco-íris que não encontraremos.
Quis escrever, mas não escrevi, por isso deixo-vos as palavras de Valter Hugo Mãe (um dos meus autores favoritos) sobre o que nos espera do outro lado do espelho pandémico:
Perante este pasmo assustado da pandemia senti-me exposto a um certo espelho. Tive a sensação de estar em dobro. O que significa que a solidão é de facto um espelho diante de nós.
Vamos evoluir num sentido mais consumista, as pessoas estarão mais egoístas. Porque, de repente, sentem necessidade de serem compensadas. Num sentido profundamente infantil. Quando as libertas de alguma coisa que acham que não mereceram, tornam-se carentes e mimadas. E já vamos assistindo a isso.
Quando leio um bom livro há uma epifania que dele se desprende. Uma revelação a raiar os limites do divino e que me lança para longe da banalidade.
Um bom livro é capaz de me acordar para um novo mundo, uma nova filosofia, uma nova perspectiva e se isso não acontecer até à última página, coloco-o na estante da vulgaridade casual de entretenimento momentâneo.
O autor pode partir de uma mera banalidade e transformá-la em algo de extraordinário. Essa capacidade é o que mais me encanta como sua leitora e merecerá a minha fidelidade até ao último dos seus livros.
Aqui, sim, pode ver-se a Grécia com mais Sophia. Apetece ler baixinho o verso que batizou com o nome do local: Na nudez da luz (cujo exterior é o interior)/ Na nudez do vento (que a si próprio se rodeia)/ Na nudez marinha (duplicada pelo sal)/ Uma a uma são ditas as colunas de Sunion. (...) Uma das dádivas da Grécia é uma certa capacidade de espanto. Uma harmonia daquilo que noutras geografias seria inconciliável. De repente do nada, numa interrupção abrupta no tédio de galgar quilómetros pouco menos que iguais entre si, revelam-se pequenos aglomerados de casas coloridas, encarrapitadas na montanha de pedra. Como se não houvesse mais chão na terra. Delfos aproxima-se. (...) Nesta Grécia habita um povo educado por poeta: Homero. No tempo em que a formação era feita com base na memória não livresca, as histórias -e a sua moral - eram passadas oralmente.
Com uma melodia e ritmo próprios, o canto dos poetas fixa-se. Impregna passado e futuro. Na Jónia e em Atenas, Homero torna-se o grande livro que se explica, se dita e se aprende de cor." Assim se cultivam gerações inteiras, inspiradas pela llíada e pela Odisseia.
Homero é, portanto, o educador de toda a Grécia", um apurador das virtualidades do seu povo. Não se limitando a contar batalhas e aventuras marítimas, deixava como herança a perseguição de um ideal humano, muitas vezes simbolizado em mitos que reuniam em si unidade, religião, vida, comportamento ético e sentido da beleza.
in Sophia de Mello Breyner Andresen de Isabel Nery
Em pleno século XXI e continuo sem compreender como é que a Humanidade evoluiu tanto e continua a atirar os seus velhos, esses seres inúteis, imprestáveis, uns estorvos para incubadoras, sempre com as melhores das intenções, sempre pelos melhores motivos.
Não bastassem as incubadoras, roubam-lhes o pouco que lhes resta, o direito à vida possível.
Esperei - ingenuamente - chegar a este século e não ter de assistir a esta necessidade de escolha sobre quem são os seres humanos mais importantes, merecedores de salvação.
Brincam-se aos deuses, atirando-se ao ar existências, esperando que a fortuna salve os fracos, porque os deuses, esses, não os podem salvar.
Só que a sorte, essa malvada do destino, nunca fica do lado dos indefesos, pois não?