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Livrologia

Livrologia

31
Jan21

Essa linha ténue, quase proibida, é a que mais gosto de atravessar

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No estudo da literatura, mais especificamente na análise de qualquer texto literário há uma regra quase inquebrável: separar a persona do autor da persona do texto.

O que significa que tudo o que ele venha a escrever como ficção, que não seja biográfico, não o faz na primeira pessoa, não o representa.

Não podemos assumir, logo à partida, que o autor está a descrever uma vivência pessoal através de uma personagem. Esta separação de personas é muito importante na análise de um texto, para que ela seja o mais técnica e imparcial possível.

Quando se estuda um texto a metodologia deve ser clínica e não emotiva: observar, detectar os padrões, as incongruências,  o seu melhor e o seu pior, os detalhes que o demarcam de todos os outros. O lugar da emoção é para antes e para depois, nunca nos entretantos. 

Mas a tentação é muita, especialmente com autores que sabemos terem nos seus livros uma grande componente pessoal, mesmo que não o digam abertamente.

Essa linha ténue, quase proibida, é a que mais gosto de atravessar.

31
Jan21

Cada um acredita no que quiser

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Ciência política é uma ciência sobre a qual não sou versada. Sou apenas uma cidadã atenta  que anseia para que o serviço público exista de facto.

Vejo-me impotente perante o estado ao que o país chegou. Se votar é a única arma que tenho para mudar o meu país, pois bem, não está a resultar. 

Os cargos de serviço público são cargos fantasma. Cada um deles ocupado por alguém invisível, que apenas recebe os benefícios, mas não cumpre com as suas obrigações, nem se responsabiliza pela sua própria incompetência. 

Esta constatação já era grave, mas ainda o é mais no actual panorama pandémico. De tal modo, que já não se pode calar o óbvio que a directora de infecciologia do hospital Amadora-Sintra decidiu partilhar:

Cada um acredita no que quiser, cada um acredita nas desculpas que lhe quiserem dar. Só posso falar por mim, não sou porta-voz de ninguém, nem dos meus colegas, mas acho que se as pessoas têm cabeça é para pensar e acho que todos nós temos a inteligência suficiente para perceber — mesmo que não sejamos os mais eruditos neste assunto, nem tenhamos o conhecimento que eu, enquanto infecciologista posso ter — que houve aqui uma gestão muito errática e que isso teve consequências, que estão à vista.

A falta de honestidade e de transparência perturba-me, acho que é o pior que um líder pode ter e é o pior que esta liderança do Ministério da Saúde tem — não ser transparente, desvalorizar sistematicamente os problemas que existem, em vez de os encarar, em vez de dizer de uma forma muito clara que nós temos limites e que não os devíamos ter ultrapassado.

Agora justificar que foi a variante inglesa que veio estragar isto tudo… Não! O que veio estragar isto tudo foi uma gestão errática desta pandemia, a variante inglesa não veio só para Portugal. Os outros países também têm a variante inglesa, mas tomaram medidas que nós não tomámos.

(...)

As urgências hospitalares de um modo geral já eram muito sobrecarregadas e com grandes tempos de espera, mas agora tudo isso se agravou muitíssimo. Estes doentes são doentes graves e portanto também não toleram assim tanto tempo de espera como outros que eventualmente existiam antes.

Acho que ter dito em dezembro que existem 19 mil camas preparadas para esta epidemia, que existem não sei quantos mil profissionais de saúde que foram contratados, que o sistema está robusto, que está tudo a funcionar lindamente, leva a que as pessoas achem que, mesmo que o vírus se propague mais, têm o conforto de saber que o sistema de saúde vai responder.

Não vai, claro que não vai. É que não vai mesmo e isto vai ser muito duro. Tanto não vai mesmo que neste momento já se fala em pedir ajuda internacional, o que é vergonhoso. É vergonhoso quando não se preparou. Agora estamos a pedir aos médicos na reforma para virem trabalhar, então e as tais 19 mil camas e os milhares de profissionais de saúde que tínhamos em dezembro? Se realmente os tínhamos era bom que agora se mostrasse onde estão. Dizer o contrário é iludir, é mentir às pessoas e sobre isso eu não posso, enquanto médica, ficar calada e ser conivente com essa irresponsabilidade.

@Observador

29
Jan21

Mário de Andrade | A Escrava que não é Isaura

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Mantenho o que tinha escrito anteriormente: A escrava que não é Isaura não é um livro pejado de tecnicismos incompreensíveis e aborrecidos, muito pelo contrário está cheio de reflexões inestimáveis sobre a poesia e a sua evolução. E há reflexões que são verdadeira poesia, apesar de não estarem em verso.

Reflexões que lançam dúvidas e não certezas, porque é delas a base do processo criador. É da incerteza que nascem as possibilidades múltiplas ad infinitum de que a arte é feita. É de incertezas que é feito este livro, como o próprio autor revela:

Cansei-me de ideias e ideais terrestres. Não me incomoda mais a existência dos tolos e cá muito em segredo, rapazes, acho que um poeta modernista e um parnasiano todos nos equivalemos e equiparamos. Ao menos porque estas lutas e mil e uma estesias por uma arte humana só provam uma coisa. É que nós também os poetas nos distinguimos pela mesma característica dominante da espécie humana, a imbecilidade. Pois não é que temos a convicção de que existem Verdades sobre a Terra quando cada qual vê as coisas de seu jeito e as recria numa realidade subjetiva individual!!...

Pág. 1/8

Quanto mais leio menos sei
Tudo o que escrevi para o Desafio de Escrita dos Pássaros está aqui!
Já começou a viagem pelo mundo da Gata Borralheira.
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