Um dia nos libertaremos
Um dia nos libertaremos da morte sem deixar de morrer.
Excerto do poema Glória
Coroa da Terra (1946)
in Poesia I de Jorge de Sena
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Um dia nos libertaremos da morte sem deixar de morrer.
Excerto do poema Glória
Coroa da Terra (1946)
in Poesia I de Jorge de Sena
Arredada da blogosfera e a viver na minha estante tenho vivido uma vida dupla. Secretamente sou uma ladra sem escrúpulos. Roubo impiedosamente tempo para ler, aquilo que, de facto, alimenta este blog. Não posso escrever sobre o que não leio.
Por enquanto continuo muito - talvez demasiado - focada na poesia de Sena. Ando obcecada por ele.
Não há explicação plausível para esta minha secreta obsessão que cresce de dia para dia.
Talvez seja do sol, da lua ou das marés, apenas sei que não consigo deixar de ler os seus poemas, como um vício a que me agarro em busca de inspiração para os meus dias, que continuam tão ou mais intensos que outrora.
Se não fossem eles...
Um dia se verá que o mundo não viveu um drama.
Excerto do poema Glória
Coroa da Terra (1946)
in Poesia I de Jorge de Sena
No entanto, quem nasceu foi um segredo,
um querer encher de nomes uma ausência
e de confiança as māes que nos embalam.
Excerto do poema Natal
Coroa da Terra (1946)
in Poesia I de Jorge de Sena
Em uma liberdade pensamos, quando nasce o Sol
uma liberdade para os vivos sorrirem sem viver nem nada;
e quando o Sol se põe e a noite se desencadeia,
o turbilhão de estrelas, porque pára e os olhos o perdem,
traz-nos uma sombra entre as árvores das árvores como ramos de sombra;
Excerto do poema Êxodo
Coroa da Terra (1946)
in Poesia I de Jorge de Sena
Longe da realidade única do tempo,
o tempo não existe vai saindo
pelas pontas dos dedos caminhando
pelas unhas tristes pela areia (...)
E dos cadáveres nas sepulturas de rocha apenas fique
o sinal dos ombros, a curva da cabeça descansada
e a marca do corpo definindo os pólos.
Excerto do poema Dólmen
Coroa da Terra (1946)
in Poesia I de Jorge de Sena
Morrem as eras, no que se não sente.
Excerto do poema Soneto de Orfeu
Coroa da Terra (1946)
in Poesia I de Jorge de Sena
No céu, sem estrelas como um fumo inútil,
espraiam-se olhares, silêncios, cartas esquecidas,
e túmulos perdidos no subsolo das casas.
Um grito de criança. E, no entanto,
há uma guerra, uma paz, armamentos sem fim,
e é importantíssimo estudar economia política.
Excerto do poema Cantiga de Embalar
Coroa da Terra (1946)
in Poesia I de Jorge de Sena
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