A época das tontices de veraneio já começaram, mas não podemos culpar o calor por tanta idiotia dita e feita.
António Costa nunca reconhece que erra, atirando sempre a culpa para os portugueses que são incentivados a ir a Sevilha em massa apoiar a selecção.
Já ninguém leva a sério as recomendações deste governo. Com tantas excepções execráveis são sempre os mesmos que têm de estar confinados. E quem pode julgar ou criticar os portugueses que estão fartos das excepções reservadas apenas para cidadãos especiais?
As Evidências exigiram várias visitas de Jorge de Sena à censura, visto que estes poemas revelavam de forma subtil o seu incorfomismo.
Vinte e um sonetos de um poema só, que segundo Sena, foram fruto angustiosamente amadurecido de uma outra sinceridade; aquela que devemos a nós próprios e à nossa própria expressão, naqueles momentos, como que revelados, de aceitação transcendente, demasiado áspera para ser lembrada todos os dias, mesmo em presença da poesia, e de objetividade em face do mundo, demasiado incómoda para as vantagens quotidianas de sermos apenas nós próprios.
Estes versos de Jorge de Sena definem Pedra Filosofal. Dividido em três partes - Circunstância, Poética e Amor - contém poemas belíssimos que aprofundam a dialéctica do visível e do invisível. Não sendo opostos, mas uma forma de ver. Ver para além do que não se vê e que existe não se vendo, o mais puro e oculto sentido do mundo.
E, então, surge uma poesia discreta e simples, cheia de fôlego mas contida, à beira da ternura, mas com nobreza, lúcida e complexa, problemática, melancólica, sensível e firme.
Goulart Nogueira in Tempo Presente, N.º 1, Maio de 1959