Os poemas deste terceiro e último volume da antologia da poesia de Jorge de Sena são nus, crús como todos os homens que nascem e morrem. Nada escondem e exibem a verdade da humanidade, a única verdade que existe entre tantas outras.
Aliás, Sena justificou o título deste conjunto de poemas que agora leio - Peregrinatio ad loca infecta - como momentâneas descidas críticas do poeta ao seio da sua visão do mundo. Estas descidas críticas têm sido apaixonantes, não só pela sua pureza, mas também pela suprema revelação do essencial.
Ler o âmago da humanidade em verso, palavras simples, sem rimas, porque a verdade não se compadece com palavras vazias, tem sido uma experiência balsâmica. Não são versos feitos de tristeza, mas daquela verdade que dói, mas que também cura.
O Livrologia é um blog escrito ao ritmo da minha leitura: se me demoro, se me apresso, se faço uma pausa. É menos um blog sobre livros e mais um blog sobre a sua leitura, onde se parte à descoberta dos autores e dos seus significados impressos. E por ser um blog de leitura partilho excertos do que estou a ler - talvez demasiados -, mas o intuito deles é trazer outros para dentro das páginas dos livros, para poderem sentir um pouco do mesmo deslumbramento que estou a sentir durante o acto de ler.
Os 7 anos de Livrologia têm vindo a partilhar um pouco das origens do blog, da sua criação, à sua estrutura. Esta pequena comemoração termina por aqui, mas o blog continuará a comemorar a leitura como sempre.
A Noite de Natal era igual todos os anos. Sempre a mesma festa, sempre a mesma ceia, sempre as grandes coroas de azevinho penduradas nas portas, sempre as mesmas histórias.
Mas as coisas tantas vezes repetidas, e as histórias tantas vezes ouvidas pareciam cada ano mais belas e misteriosas.