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Livrologia

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31
Jul22

Preocupa-me onde nos irás alojar e como vais arranjar dinheiro

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Lx., 11/9/59

(...) Meu amor, meu querido Jorge,

sinto uma satisfação imensa por teres escolhido e se te ter deparado uma coisa que finalmente te permitirá ser quem és sem divisão.

Estava tremendo que o ganhar mais te tentasse para o lado da engenharia e eu não pretendo que tenhamos de sobra, mas apenas que chegue bem para não vivermos nesta preocupação constante e para que os filhos não sejam um quebra-cabeças. 

Em todo o caso, de momento, preocupa-me onde nos irás alojar e como vais arranjar dinheiro para comprar aquelas coisas indispensáveis e mínimas para podermos viver. (...)

Mécia

in Correspondência Jorge de Sena e Mécia de Sena «Vita Nuova» (Brasil, 1959-1965)

com organização de Maria Otília Pereira Lage

31
Jul22

O não sentir. Que cansa como nada

E o que sentimos é pior que quanto

dantes sentíamos nas horas ásperas

da fúria de não ter ou de ter tido.

Porque se sente o não sentir. Um tédio

não como o tédio antigo. Nem vazio.

O não sentir. Que cansa como nada.

Até dizê-lo cansa. É inútil. Cansa.

 

Excerto do poema «Como de súbito na vida...»

in Visão Perpétua de Jorge de Sena

31
Jul22

Como de súbito na vida tudo cansa!

Como de súbito na vida tudo cansa!

E cansa-nos a vida, nos cansamos dela,

ou ela é quem se cansa de nós mesmos,

na teima de existir e desejar?

Porque, neste cansaço, não o que não tivemos,

ou que perdemos, ou nos foi negado,

o que de que se cansa, mas também

o quanto temos, nos ama, se nos dá,

e até os simples gozos de estar vivo.

Um dia é como se uma corda se quebrara,

ou como se acabasse de gastar-se,

que nos prendia a tudo e tudo a nós.

Não é que as coisas percam importância,

as pessoas se afastem, se recusem,

ou nós nos recusemos.

Excerto do poema «Como de súbito na vida...»

in Visão Perpétua de Jorge de Sena

30
Jul22

Quando um poema me acontece escrevo-o ou deito-o fora

sena02-2.png

Que trabalhos o absorvem, neste momento?

 

Isso é uma lista interminável.

A poesia, por exemplo, não me absorve nem me ocupa: quando um poema me acontece escrevo-o ou deito-o fora, conforme o acho feliz ou infeliz quanto à expressão. (...)

 

Excerto da entrevista O Tempo e o Modo, Lisboa, n.º 59, Abril de 1968

in Entrevistas 1958-1978, edição de Mécia de Sena e Jorge Fazenda Lourenço

Pág. 1/16

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