Esta também era, sem que sequer eu a tivesse visto, mais uma pessoa embrulhada na trama que alastrava. E havia mais gente. Mas eu não fizera as coisas, ou só fizera algumas. Mais exactamente, eu desembarcara na Figueira, e uma série de factos e de pessoas, que estavam suspensas no ar, à espera do primeiro que passasse, tinham desabado por acção da pessoa que, por acaso, tinha algum ponto de contacto com elas.
E elas haviam sido como aqueles tecidos que se pegam, quando a gente passa, e que arrastamos connosco na passagem.
Não conseguia coordenar ideias. Tudo me parecia sem sentido e sem nexo. Mas, ao mesmo tempo, tudo se encadeava e interpenetrava com uma lógica própria, semelhante ao contágio das doenças infecciosas.
Era como se um veneno, um miasma, um vírus peçonhento houvesse invadido a minha vida e a de todas as pessoas que me rodeavam, sem que, todavia, se pudesse saber onde estava o foco da infecção.
A vida de todos estava contagiando a vida de outros, mas eu não podia sequer dizer quando aquilo começara, desde quando, como uma nódoa alastrante, vinha sujando tudo e todos.
Parecia-me, por outro lado, que eu, sem querer, com um gesto, gesto inadvertido e mínimo, provocara e continuava provocando à minha volta uma confluência de catástrofes, que por sua vez desencadeavam outras.