E escrevia compulsivamente, sem ideia nenhuma de arte, de composição, de plano prévio
Todavia, se nem todos escrevem, porque escrevia eu? E escrevia compulsivamente, sem ideia nenhuma de arte, de composição, de plano prévio, de realização de alguma coisa que valesse por si mesma como uma criação autónoma?
Ali ia eu, com três poemas em papelinhos, no fundo do bolso. Comecei a sentir-me ridículo, um pouco infantil, idiota, já que eu nunca pensara em mim como poeta, nunca me contemplara mentalmente como personagem literária.
in Sinais de Fogo de Jorge de Sena