Talvez que do segredo maior: no momento em que a vida me aparecera como uma coisa terrível, uma rede inextricável de perigosas e catastróficas responsabilidades sempre imprevisíveis, eu descobria que a imprevisibilidade estava em não poder haver responsabilidade alguma.
Subitamente tudo, na minha vida, me surgia destituído de sentido e de propósito, um misto gratuito de horror e de grotesco, em que vagamente algumas luzes de amor e de amizade - estranhas, contraditórias e dúbias como fogos-fátuos - haviam fugazmente brilhado, desde que eu como que nascera para uma consciência da vida como agitação vácua. Ou não isto, mas... sim... era como se a vida dos outros assumisse subitamente o aspecto de uma gigantesca conspiração colectiva cujas motivações profundas, cujas razões imediatas, e cuja lógica essencial eu não conhecia.