13
Fev23
Mas compreender é só para o instante, não torna a sentir
Com muito cuidado, peguei-lhe na mão, beijei-lhe o pulso... E olhei para ela, porque ainda não tinha olhado. Os seus olhos choravam imperceptivelmente, num choro igual ao das crianças quando estão a acabar de chorar... Ficámos assim... Naquele instante compreendemos, um no outro, o pedaço de cada um que lá havia.
Mas compreender é só para o instante, não torna a sentir.
in Monte Cativo e Outros Projectos de Ficção de Jorge de Sena