Portamo, assim como a esfera é a última perfeição das figuras, não havendo nenhuma maior do que ela, assim também o máximo é a perfeição mais perfeita de todas de um modo tal que tudo o que é imperfeito é nele perfeitíssimo, tal como a linha infinita é esfera, a curvatura é rectitude, a composição simplicidade, a diversidade identidade, a alteridade unidade, e assim sucessivamente.
Com efeito, como poderia haver qualquer imperfeição onde a imperfeição é perfeição infinita e a possibilidade acto infinito, etc.
Assim, embora amanhã eu possa ler ou não ler, faça eu o que fizer não escapo à providência que abraça os contrários. Por isso, aquilo que eu fizer acontecerá de acordo com a providência de Deus.
Engraçado que, embora Jorge de Sena escreva desde 1936, decidiu fixar o ano de 1938 como o ano iniciático da sua criação poética, momento em que ouviu La Cathédrale Engloutie, de Debussy que o viria a marcar fortemente. Aliás, a música teve um grande impacto na sua vida, não só como indivíduo, mas também como poeta.
De Jorge de Sena:
continuo a ler e já vou a meio de Entrevistas 1958-1978, edição de Mécia de Sena e Jorge Fazenda Lourenço
continuo a ler Correspondência - Sophia de Mello Breyner e Jorge de Sena.
Nicolau de Cusa, um dos mestres do pensar de Jorge de Sena:
Vês assim de que modo todo o máximo está perfeitissimamente dentro de tudo o que é simples e indivisível, porque é centro infinito; que está fora de tudo e tudo envolvendo, porque é circunferência infinita; e que penetra tudo, porque é diâmetro infinito; é o princípio de tudo porque é centro; o fim de tudo porque é circunferência; o meio de tudo porque é diâmetro; a causa eficiente, porque é centro; a causa formal porque é diâmetro; a causa final porque é circunferência; o que dá o ser porque é centro; o que governa, porque é diâmetro; o que conserva porque é circunferência.