Considero-me um homem «religioso», sim, mas num sentido muito mais amplo.
Não no sentido de uma religião da humanidade, de um positivismo (deus me livre); sim, no sentido de sermos fiéis a qualquer coisa de imanente à própria humanidade e que nós sabemos - pessoalmente - que nos transcende.
Excerto da entrevista Vida Mundial, Lisboa, 25 de Agosto de 1972 por João Carreira Bom
in Entrevistas 1958-1978, edição de Mécia de Sena e Jorge Fazenda Lourenço
Por isso, é impossível que a máquina do mundo tenha esta terra sensível, o ar, o fogo ou qualquer outro elemento como centro fixo e imóvel, considerados os vários movimentos das esferas.
Da literatura, pois, muito menos, visto que sempre estive mais interessado em compreender o mundo (para que, na linguagem, eu pudesse, de certo modo, contribuir para a transformação dele) do que estive interessado em criar linguagem com a mesma intenção de criar objectos estéticos.
Excerto da entrevista Vida Mundial, Lisboa, 25 de Agosto de 1972 por João Carreira Bom
in Entrevistas 1958-1978, edição de Mécia de Sena e Jorge Fazenda Lourenço