O que me parece que nem todos os intelectuais entendem, e não entendem mesmo na atitude uns dos outros, é que nós, para fazermos figura de intelectuais, não precisamos de falar difícil.
O falar difícil é inventar um jargão, uma gíria, um calão, que, geralmente, serve para esconder as realidades ou a nossa ignorância delas.
Excerto da entrevista Vida Mundial, Lisboa, 25 de Agosto de 1972 por João Carreira Bom
in Entrevistas 1958-1978, edição de Mécia de Sena e Jorge Fazenda Lourenço
Yo nací en Ávila, la vieja ciudad de las murallas, y creo que el silencio y el recogimiento casi místico de esta ciudad se me metieron en el alma nada más nacer. No dudo de que, aparte otras varias circunstancias, fue el clima pausado y quedo de esta ciudad el que determinó, en gran parte, la formación de mi carácter.
in La Sombra del Ciprés es Alargada (1948) de Miguel Delibes
A Douta Ignorância distingue quatro graus de conhecimento:
1. os sentidos, que nos dão imagens confusas da realidade;
2. a razão, que lhes proporciona ordem;
3. o intelecto ou razão especulativa, que as unifica;
4. a contemplação intuitiva, que alcança, na ascensão a Deus, o conhecimento da unidade dos contrários.
Segundo Nicolau de Cusa, o conhecimento adquire-se pela via negativa, ou seja, negando os conhecimentos um por um, visto que são formas particulares de compreender o ser.
O movimento dos planetas é uma espécie de evolução do primeiro movimento e o movimento das coisas temporais e terrenas é uma evolução do movimento dos planetas.
Nas coisas terrenas estão latentes as causas das coisas futuras como as searas nas sementes. Por isso disseram que as coisas que são complicadas na alma do mundo como se estivessem num novelo se explicam e estendem por tal movimento.
Por outro lado, hoje considera-se que há dois tipos de analfabetos.
O analfabeto específico, que é o homem que não sabe ler nem escrever, e o analfabeto funcional, que é o homem que sabe ler e escrever, que pode ter até diversos graus de educação e que, do ponto de vista cultural, é tão analfabeto, ou mais!, do que o outro.
Excerto da entrevista Vida Mundial, Lisboa, 25 de Agosto de 1972 por João Carreira Bom
in Entrevistas 1958-1978, edição de Mécia de Sena e Jorge Fazenda Lourenço
Sebastián miraba sin decir nada las piernas blancas, deformadas por las varices, de su madre. Le dolían sus frases, se le clavaban como dardos, muy adentro, en un lugar inlocalizable.
Respiraba entrecortadamente. Aún no se había acostumbrado a la insolencia de Aurelia, machacándole sobre su insuficiencia física.
(...) A grandeza que V. encontra - e de que às vezes eu duvido, porque me desejaria mais «artista», mais graciosamente «requintado», sei lá o quê que tanto atrai e seduz -, sempre eu visei não pela pretensão ou o desejo de ser «grande», mas pela intenção e o impulso de buscar aquilo que nos supera. V. viu, com uma justeza incrível, dois dos versos essenciais que me resumem e estão na Perseguição: eles dizem quase tudo de mim e da minha visão da vida.
Também isso do coração lhe agradeço. (...)
Jorge
in Correspondência Jorge de Sena e Sophia de Mello Breyner 1959-1978
com organização de Mécia de Sena e Maria Andresen de Sousa Tavares
«Tu padre, tu padre (y hablaba de su padre con un odio acendrado y sutil, como si fuera su mayor enemigo) era como tú, igual que tú, un horrible hombre deformado.»
A Sebastián se le hacía un vacío angustioso en el cuerpo y no respondía. Temía, más que nada, aquella lengua de su madre que le zahería sin compasión, embistiendo siempre a los puntos más vulnerables y sensibles.