As obras valem por si mesmas
O António Nobre existiu, foi um grande poeta de um determinado período, teve uma influência enorme que pode ser estudada e reconhecida, está, portanto, fora de causa discutir se ele permanece vivo ou não. O poeta já não depende das pessoas gostarem dele ou não - depende da posição que assumiu, da qualidade daquilo que fez.
Agora - necessariamente - haverá tendência para julgar os autores por motivo de ultrapassamento, mas o certo é que as obras valem por si mesmas, pelo que comunicam, pelo que criticam da vida quotidiana ou da experiência humana e não apenas por aquilo que possamos imaginar que está ultrapassado ou não.
Excerto da entrevista Diário Popular, Lisboa, 6 e 7 de Agosto de 1974 por João Alves da Costa
in Entrevistas 1958-1978, edição de Mécia de Sena e Jorge Fazenda Lourenço