Ernest Poole frequentemente se esquece que as personagens não lhe pertencem
Continuo a ler His Family de Ernest Poole e tem sido uma leitura agradável, apesar de estar longe da excepcionalidade que esperava de um vencedor de um Pulitzer. Até que ponto His Family mereceu ganhar o Pulitzer ou foi Ernest Poole premiado com o livro errado, será tema para outro conversatório.
Poole foca-se tanto nas ideias e opiniões que quer transmitir sobre as mudanças dos tempos, que frequentemente se esquece que as personagens não lhe pertencem, são entidades independentes que merecem ter a sua individualidade.
As personagens são vívidas, mas pouco complexas psicologicamente. Poole ao utilizá-las como instrumentos de reflexão sobre a sociedade da era moderna rouba-lhes um pouco a essência humana e o seu individualismo.
Isto porque Poole serve-se dos diálogos das suas personagens para pregar as suas próprias ideias, destruindo a mística existencial da personagem que criou. Preocupa-se demasiado em categorizar as personagens em tipologias rígidas de modo a encaixá-las numa ideia previamente definida que pretende pregar do seu púlpito de escrita.