Tive conversas esporádicas [com a minha filha]. A minha filha foi criada com muita liberdade, não foi reprimida. O pai, que era bastante puritano, não concordava com muitas coisas, mas, como era muito tolerante, acabava por aceitar.
As meninas só podiam sair acompanhadas pelos pais ou por um irmão mais velho. Tinham de ir sempre com um «chaperon».
Apareceu-me a disciplina de Francês. Francês, maneira diferente de dizer as palavras da minha língua. Porquê? Quem falava esse francês? Quem os Franceses? Onde a França? Outros países, de falas diferentes, para além da minha vila, da cidade?
O Mundo, sim, o planeta Terra com os continentes e os mares, o Céu com os astros, tudo isso vinha na Geografia. Podia ser, compreendia, aceitava. Agora outras maneiras de dizer pão, flor, estrela!...
Pouco a pouco acabei por achar graça e gostar, ser capaz de começar a traduzir pequenos trechos, a verter curtas frases.
in Memórias da Escola Antiga (1981) de Natália Nunes