Retratando a sua própria experiência como aluna na escola primária em Portugal na década de 1940, este livro é uma espécie de autobiografia em que Natália Nunes relembra as suas vivências na escola e descreve a sua educação e formação.
A vida escolar, a relação com os professores, a amizade entre colegas, as aprendizagens das matérias e a disciplina à base de castigos físicos são alguns dos temas.
O mais bonito desta leitura foi ter tido a oportunidade de ler alguns excertos em voz alta aos meus pais e debater com eles os seus próprios dias de escola, que foram em tudo semelhantes aos de Natália Nunes.
- Ai, isso p'la certa. Nem que seja só um chafariz, há sempre inòguração solene com meninstros e descursos. Eu, q'ando vejo cadeirões destes, com preguinhos dôrados, digo logo: «Estes cadeirões são prós meninstros! Sim, porqu'os meninstros só s'assentam em cadeirões dos maiores quhá. Está certo, são eles que gobernam e mandam na gente, acima de todos mais. E inté quando saem da gobernação, despois, p'ra todos lados p'ra onde vão, é claro, continuam sempre a ter dereito a sentarem-se em cadeirões muita grandes! Ohi que ricos cadeirões em qu'os menistros s'assentam, despois, por terem gobernado a gente tão bem... (daí a momentos, reflexiva:) E berdade! Eu inté já tenho preguntado co pra comigo: «Os meninstros sentarão-se sempre em cadeirões por serem meninstros, ou serão meninstros por se assentarem em cadeirões?» Nunca cheguei a perceber isto bem, é uma coisa que me faz cá uma cunfusão, mas eu, também, sou prà qui uma inalfabeta...