A não esquecer que a Feira do Livro do Porto 2023decorre nos Jardins do Palácio de Cristal, de 25 de Agosto a 10 de Setembro. O autor homenageado é Manuel António Pina. Eu não vou perder!
A Festa do Livro em Belém abre novamente as suas portas. Uma iniciativa do Presidente da República com a APEL-Associação Portuguesa de Editores e Livreiros, e a colaboração das BLX-Bibliotecas de Lisboa que irá contar com a presença de muitos editores e livreiros que trazem os seus autores favoritos e respectivas obras. O programa também inclui concertos, cinema, debates, sessões de autógrafos e lançamentos de livros. A entrada é livre pelo Museu da Presidência da República ou pelo Jardim Botânico Tropical. De 31 de Agosto até 3 de Setembro. Das 18:00 até às 22:30.
Não há nada como uma ida ao teatro para marcar o regresso de férias. Diogo Infante propõe uma encenação muito própria da conhecida e divertida comédia Sonho de Uma Noite de Verão de William Shakespeare. Apresenta-nos uma versão musical com canções portuguesas, conhecidas do grande público, que serão interpretadas com novos arranjos e integradas na história, como se dela sempre tivessem feito parte. Teatro da Trindade (Lisboa). De 21 de Setembro a 26 de Novembro, Qua-Sáb 21:00, Dom 16:30.
Chegara a uma idade em que me sentia inacabada, incompleta, incapaz de encontrar em mim própria satisfação para a ansiedade que me projectava para longe...
in Autobiografia de uma Mulher Romântica (1955) de Natália Nunes
À época não era vulgar nem o estilo, nem os temas sobre os quais Kaváfis se debruçou nas várias facetas que exibe ao longo destes 145 poemas, mais não fosse pelo seu carácter homossexual abertamente assumido, ainda que seja importante relembrar que a intimidade do que escrevia era dirigida para o seu círculo de amigos mais próximos; pouco mais gente a eles tinha acesso.
Como já referido, junto aos efebos, Alexandria é musa do poeta, sendo impossível distanciá-lo tanto da cidade como do mundo helénico, das influências da cultura e civilização grega em praticamente tudo o que nos rodeia.
Nos seus poemas vemos as grandes batalhas de Esparta, ou de Alexandre, o Grande, tal como, ao mesmo tempo, não podemos deixar de ver a perfeição da estatuária helénica, com inúmeras referências não só à escultura grega como à perfeição estética a ela associada.
in O efémero da beleza e a evocação da memória na poesia de Konstantinos Kaváfis
Não sei se é correcto dizer que a escrita da Natália Nunes é influenciada pela sua profissão. O facto de ter sido bibliotecária arquivista tem alguma relação com a ênfase da dimensão histórica na sua obra, designadamente em Horas Vivas (Memórias da Minha Infância) e Memórias da Escola Antiga?
Não nada. Comecei a escrever as Memórias da Minha Infância num impulso de registar coisas... e depois saíram umas memoriazinhas, incipientes, embora muitas pessoas tivessem gostado... E não me arrependo de ter escrito esse livro. Hoje fá-lo-ia mais completo.
Os outros livros (romances, novelas e contos) são histórias que aconteceram ou que podiam ter acontecido. Acho que a ficção é um jogo de possíveis, mas a minha profissão não influenciou em nada a minha vocação de escritora. Os arquivistas, geralmente, não são historiadores. Mas se há no que escrevo um carácter histórico, isso é uma propensão natural.
Novamente se me afigurava que outro ciclo da minha existência acabara de fechar-se e considerava quase como um dever velar, empregar todos os esforços, toda a coacção possível da minha vontade sobre os acontecimentos para que nenhuma alteração, nenhum acrescentamento fosse apor-se ao quadro que ficara desenhado; queria levá-lo tal como o sentira e vivera, intacto e perfeito na minha recordação.
in Autobiografia de uma Mulher Romântica (1955) de Natália Nunes
Nasceu em 1906 no estertor da monarquia, foi criança durante a 1ª República, fez-se adulto durante a ascenção do salazarismo. Tinha 68 anos no 25 de Abril de 1974.
Recusou cargos na Universidade, no Ministério da Educação, na reitoria dos liceus. Desprezava que a ditadura usasse o poder obscurantista para dominar os outros e desprezava que as democracias usassem a ilusão da liberdade para dominar os outros. (...)
Um ano antes da sua morte, declara: “Não acredito nos seres humanos, não acredito na capacidade de os homens fazerem qualquer coisa socialmente boa, a não ser se isso beneficiar os seus interesses pessoais”.
“Era uma pessoa totalmente desencantada”, lembra a filha, também escritora, Cristina Carvalho. “Porém, não era amargurado. A sua descrença notava-se apenas na ironia subjacente a quase tudo o que dizia. Nunca o ouvi dar uma gargalhada. Apenas sorria e o seu sorriso era sempre pontuado por uma mais clara ou mais disfarçada ironia”.