Mulheres determinadas, sem medo
Clotilde, a mulher de Autobiografia de uma Mulher Romântica tem características semelhantes com as personagens femininas de outras obras de autoras portuguesas da mesma época.
Mulheres determinadas, sem medo de indagar criticamente as diversas características da existência humana, sem medo de quebrar a sua submissão a regras e padrões, em que estiveram aprisionadas e que as limitaram durante anos.
Insatisfeitas com o que a vida lhes oferece, analisam o passado em busca de algo que as ajude a compreender o mundo que as rodeia, análise a partir da qual se processa uma escolha, a da emancipação como mulheres de uma sociedade em mudança.
Na nossa literatura da década de 50, sobretudo na de autoria feminina, não faltam personagens que, jovens, activas e independentes, demonstram bem o novo papel que coube à mulher na sociedade do pós-guerra.
Reflectem, com frequência, a vivência pessoal das autoras que as criaram, chamando a atenção para questões que se prendem não raro com as injustiças de que a mulher era vítima, temática que acaba por estar presente na obra de todas estas escritoras, assumindo formas de manifestação diferentes, que podem ser mais ou menos directas.
Excerto de A Casa - Espaço de Intimidade e de Transformação: uma leitura de seis romances portugueses de autoria feminina (década de 50)
de Joana Marques de Almeida (Doutoramento em Estudos de Literatura e de Cultura Especialidade em Estudos Portugueses) - 2015