O Plano Nacional de Leitura também é para os adultos

Numa entrevista recente à Renascença, a comissária do Plano Nacional de Leitura, Regina Duarte, confessa que "as pessoas têm muitas dúvidas ao escolher livros, sobretudo as que não têm muitos hábitos de leitura e precisam deste apoio, de alguém que lhes sugira livros adequados aos seus interesses" e desmistifica o mito de que o Plano Nacional de Leitura apenas apresenta sugestões de leitura "para a escola ou para um público infantil".

E prova disso é o calendário de leituras de Agosto para adultos, que sugiro que espreitem.

O PNL faz constantemente uma selecção de livros que apresenta no seu catálogo:

Temos centenas de livros, a nossa dificuldade é termos capacidade de resposta. As editoras enviam-nos, portanto, nós não vamos buscar livros ao mercado para classificar. As editoras é que decidem que livros é que submetem à nossa apreciação.

Nós enviamos para os especialistas, e os livros são avaliados mediante critérios que são públicos que estão disponíveis. Levam ou não um selo, portanto, são incluídos no nosso catálogo de sugestões ou não. Este é um processo que é feito duas vezes por ano, portanto, semestralmente incluímos novos livros nas nossas listas, mas são às centenas!

Se andam à deriva e não sabem o que ler, consultem o Plano Nacional de Leitura.

Um mundo onde os únicos elementos eram: eu, a natureza e as outras pessoas

Começara a ler romances e poemas e já não encarava os rapazes da minha idade apenas como companheiros de brincadeiras. Eles tinham-se tornado, para mim, criaturas nas quais pressentia um mistério, onde havia seu quê que simultaneamente me atraía e infundia receio e pudor.

Quando nesse Verão conheci o Manuel, «o moreno Manuel», fiquei com a certeza de que os sentimentos que os romances descreviam, entre as mulheres e os homens, eram qualquer coisa que tinha uma vida, uma existência verídica. Até aí existira para mim um mundo onde os únicos elementos eram: eu, a natureza e as outras pessoas.

As outras pessoas compreendiam, além das mulheres e das raparigas, como eu, os homens, grandes e pequenos; mas, todos esses seres constituíam um conjunto - o das pessoas - isto é, dos seres humanos, dos meus semelhantes, dos conviventes numa terra que ficava por debaixo do céu e onde havia também casas, árvores, animais, pedras...

in Autobiografia de uma Mulher Romântica (1955) de Natália Nunes