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Livrologia

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17
Ago23

António Gedeão, mais do que um homem de palavra foi um homem de trabalho

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Vale a pena lembrar que Rómulo de Carvalho, mais do que um homem de palavra foi um homem de trabalho: das ciências exatas às ciências sociais, do desenho, à poesia e à fotografia, da construção de objetos de madeira, à feitura de livros manufaturados, de professor de adolescentes a pedagogo, de ensaísta a divulgador de ciência e escritor de manuais escolares.

Porém, e tendo em conta, a sua mística mãe Rosa de Oliveira, Rómulo/António foi também um enfeitiçador de almas, um guardião dos mistérios, como um verdadeiro homem do Renascimento, como Camões, como Montaigne, como Da Vinci, ele sabia que cada explicação não abre caminho para uma verdade, um determinismo mas é tão só a primeira porta para uma nova estrada de dúvidas, interrogações, experimentações, pois tudo está precariamente equilibrado sobre a tectónica do caos. E Deus? Deus ele nunca soube se existia ou não. Era agnóstico e poupava-se a grandes conversas sobre o assunto.

in Observador

17
Ago23

Cruzeiro do Sul

Ó meu relógio-de-sol,
agulha de marear,
minha rota sobre o mar,
faixa da luz do farol!


Ergue as tuas mãos em delta
e abriga-me da tormenta.
Numa caravela esbelta
leva-me ao mar da pimenta

 

Quero adormecer na areia
loira da praia remota
enquanto no azul vagueia
a asa de uma gaivota.


Quero ser cor na paisagem,
pincelada sem contornos,
haurindo nos ares mornos
transparências de miragem.


Quero dormir e sonhar
um sonho que em cor me afogue:
verdes e azuis de Renoir,
amarelos de Van Gogh.


Dormir nas plagas desertas,
rosto para o céu descoberto,
braços e pernas abertas,
num mudo sono desperto.


Destilar gotas de azul
nas ensonadas pupilas.
Cobri-las e descobri-las,
pálpebras finas de tule.


Oh dormir! Dormir! Dormir!
Consciente e repousado.
Sono de flor a florir
na encosta do outro lado.

Poema Cruzeiro do Sul in Movimento Perpétuo 1956

in Obra Completa de António Gedeão

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