Charlotte e Clotilde encontram-se nos antípodas da sua feminilidade
Em Autobiografia de uma Mulher Romântica Charlotte e Clotilde encontram-se nos antípodas da sua feminilidade: a primeira no arquétipo da cortesã, a segunda no da donzela.
Cada uma delas encontra-se no extremo oposto uma da outra: a cortesã com a experiência e a luxúria; a donzela com a inocência e a pureza.
Charlotte é uma mulher experiente e mundana, sem medo de ir contra as regras sociais para expressar plenamente a sua feminilidade e sexualidade. Preza a sua liberdade e a opinião dos outros é-lhe indiferente. Com a sua natureza indomável, independência, prazer e sensualidade, Charlotte quebra os tabus que a sociedade não lhe consegue inculcar.
Charlotte experimentava, com consciência das suas experiências! Era uma deusa movimentando-se no seu universo de horas libérrimas e em que as próprias dores eram sofridas em liberdade de sofrer!
Clotilde, por outro lado, é inocente, pura e virtuosa, confiando cegamente nas regras que lhe são impostas, deixando-se aprisionar num mundo ilusório de perfeição, tal e qual como uma criança. Deixa-se enredar pelo engano manipulador da consciência colectiva que a reduz a um papel feminino que não lhe permite viver a sua feminilidade em pleno.
Clotilde, secretamente, quer viver a sua feminilidade como Charlotte vive a sua, mas para isso precisa de se libertar da dor que as amarras sociais lhe impõem.