Uma poesia que diversas vezes se move pelos domínios da prosa, parca em floreados e metáforas
Sendo uma poesia que diversas vezes se move pelos domínios da prosa, parca em floreados e metáforas, torna-se muito fácil cair na tentação de a considerar de fácil tradução, independentemente das diferenças entre o português e o grego.
Mas, mesmo com um recurso à rima muito pouco frequente, essa mesma escassez acaba por atribuir aos poemas um ritmo muito particular, com constantes variações de métrica e de cadência, até pelos poemas em que usa o seu “tango”, como lhe apelidou o também poeta Giórgos Seféris, uma composição onde, como explica Manuel Resende no prefácio, “o verso é partido a meio (facto assinalado por um espaço em branco maior no hemistíquio) sendo ambas as metades fortemente ritmadas por três tempos fortes.
in O efémero da beleza e a evocação da memória na poesia de Konstantinos Kaváfis
de Joaquim Miguel Fernandes Duarte