A poesia de Kaváfis é sempre uma de distanciamento e evocação
Abertamente homossexual, Kaváfis aborda com despudor a paixão. Mas é uma paixão que vive do efémero (...)
A poesia de Kaváfis é sempre uma de distanciamento e evocação, um olhar sobre a juventude a partir da velhice, um foco nos detalhes que a memória reteve, um olhar para o passado tanto quando os poemas tratam a intimidade como quando pegam na antiguidade clássica.
Aí vemos o outro lado de Kaváfis, o do poeta-historiador, debruçando-se sempre sobre períodos históricos de declínio ou decadência, onde, podendo até estar a festejar-se um feito de grandeza, está subjacente a decadência por vir. É o lado trágico da vida que Kaváfis nos traz através dos episódios que faz ressoar pelo tempo.
in O efémero da beleza e a evocação da memória na poesia de Konstantinos Kaváfis
de Joaquim Miguel Fernandes Duarte